TikTok: aplicativo enfrenta a resistência de autoridades americanas, que acusam o serviço de espionagem (Dado Ruvic/File Photo/Reuters)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 22 de julho de 2020 às 12h16.
Última atualização em 22 de julho de 2020 às 13h47.
As tensões entre Estados Unidos e China impactaram diretamente nas operações do TikTok. O aplicativo chinês rival do Snapchat e do Instagram enfrenta o escrutínio de autoridades de Defesa dos EUA e corre o risco de ser banido do país. Para evitar que isso aconteça, o aplicativo pode se tornar "um pouco mais americano".
De acordo com o The Information, os fundos americanos General Atlantic e Sequoia Capital estão considerando adquirir uma companhia subsidiária para aumentar seu controle sobre o TikTok. Os investidores já possuem ações da Bytedance, empresa que controla a rede social.
Apesar de ainda não existir uma previsão de quando isso acontecerá, é preciso lembrar que Zhang Yiming, fundador e diretor-geral da ByteDance, já admitiu que existe a possibilidade de negociar a plataforma. Segundo ele, isso poderá ser feito “se for o melhor para o futuro do aplicativo”.
A estratégia de vender o aplicativo poderia acalmar as preocupações em relação ao uso de dados da rede social por órgãos do governo da China, a principal preocupação da Casa Branca. O TikTok, por sua vez, nega que os dados sejam cedidos ao governo chinês e diz que as informações ficam armazenadas em servidores locais.
Não chega a ser um plano tão surpreendente. Na última semana, Larry Kudlow, assessor da Casa Branca, disse que acreditava que em um movimento da empresa neste sentido. "Acredito que o TikTok irá se separar do grupo empresarial chinês para atuar como uma empresa independente", afirmou.
Segundo a SensorTower, o TikTok já foi baixado mais de 200 milhões de vezes nos Estados Unidos. Dos mais de 1 bilhão de usuários, cerca de 80 milhões estão no país. O mercado americano só era inferior ao indiano. Contudo, o aplicativo também foi proibido na Índia.
O governo dos Estados Unidos está preocupado com uma suposta espionagem realizada pelo TikTok para prover dados de cidadãos americanos para o Partido Comunista da China, de Xi Jinping. O caso ganhou mais repercussão após a rede social de vídeos curtos ser banida da Índia, também sob alegações de espionagem.
O banimento na Índia ocorreu no fim de junho. Especialistas em segurança virtual da Índia afirmaram que identificarem muitas “representações de cidadãos sobre segurança de dados e violações de privacidade, impactando questões de ordem pública”. Na ocasião foram proibidos outros 58 aplicativos, além do TikTok.
Nem mesmo o anúncio do plano da companhia de abrir mais de 10 mil vagas de emprego nos Estados Unidos nos próximos três anos amenizou a situação. Peter Navarro, assessor de comércio da Casa Branca, classificou Kevin Mayer, presidente americano do TikTok, como um “fantoche americano” por trabalhar na empresa chinesa.
Donald Trump engrossou o coro. A partir da metade de julho, uma série de anúncios de campanha para a reeleição do presidente americano acusaram o aplicativo de espionar os cidadãos americanos. As peças publicitárias divulgadas em redes sociais como Facebook e Instagram trazem, em letras garrafais, a frase: “o TikTok espiona você”.