Tecnologia

O plano do Bluesky para criar uma rede 'à prova de bilionários' — e o que isso significa

A CEO do Bluesky, Jay Graber, aposta em descentralização e controle do usuário para evitar os erros de redes como X e Meta Threads

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 06h46.

Desde que Elon Musk transformou o Twitter no atual X, o Bluesky, uma rede social com foco em descentralização, tem atraído milhões de usuários. Sob a liderança de Jay Graber, a plataforma busca ser “à prova de bilionários,” com uma abordagem inovadora que coloca os usuários no centro do controle. A reportagem é da Forbes.

Lançado em 2023, o Bluesky começou como um projeto de pesquisa dentro do Twitter, desenvolvendo o Protocolo AT (Autentic Transfer). O objetivo era criar uma linguagem compartilhada que permitisse a interoperabilidade entre diferentes redes sociais. No entanto, a aquisição do Twitter por Elon Musk mudou os rumos da iniciativa, transformando o Bluesky em uma plataforma independente.

Controle e personalização pelo usuário

Ao contrário de redes tradicionais que centralizam algoritmos e dados, o Bluesky oferece aos usuários a liberdade de personalizar sua experiência. É possível criar e seguir feeds específicos, como tópicos sobre jardinagem ou notícias, com os usuários mantendo o controle do conteúdo. Além disso, sistemas de moderação, verificação e até filtros de conteúdo podem ser projetados pelos próprios membros da comunidade.

Graber acredita que a descentralização é a chave para evitar que a plataforma siga os mesmos caminhos de gigantes como X e Threads. “Abrimos o mercado para que empreendedores e desenvolvedores construam soluções personalizadas. Isso garante que o controle não esteja restrito a uma única entidade,” afirma a CEO à Forbes.

Embora o modelo ofereça maior liberdade, ele exige mais esforço por parte dos usuários, que precisam aprender a configurar feeds e ferramentas. Mesmo assim, a boa recepção da plataforma, que já conta com mais de 25 milhões de usuários, sugere que a estratégia está funcionando.

Financiamento e modelo de negócios

O Bluesky levantou US$ 15 milhões (R$ 91,8 milhões) em uma rodada de investimentos em outubro de 2024 e está testando modelos de assinatura para gerar receita. Diferente de outras redes, a plataforma evita depender exclusivamente de anúncios, prática que Graber considera “superexploratória.” Segundo ela, a publicidade muitas vezes desvia o foco do desenvolvimento de outros recursos.

Apesar disso, o Bluesky não descarta explorar anúncios futuramente, desde que mantenham o controle nas mãos dos usuários. Para Graber, “encontrar fontes de receita sustentáveis e éticas é essencial para evitar os erros cometidos por outras plataformas.”

Desafios e futuro

Graber enfatiza a necessidade de independência do protocolo AT para proteger o Bluesky a longo prazo. Para isso, ela busca colaboração com órgãos reguladores e organizações internacionais que possam adotar e expandir o protocolo. “O verdadeiro bilhete para a descentralização é que o controle esteja nas mãos de muitas partes interessadas, e não apenas no Bluesky,” explica.

A adoção do protocolo está em expansão. Recentemente, pôsteres misteriosos apareceram em São Francisco com o slogan “Free Our Feeds,” promovendo um anúncio relacionado ao AT Protocol previsto para 13 de janeiro.

Impacto no cenário de redes sociais

A abordagem do Bluesky já chamou a atenção de concorrentes como Meta Threads, que começou a replicar algumas de suas funcionalidades. A plataforma também conquistou apoiadores como o investidor bilionário Mark Cuban, que elogia o ambiente mais civilizado do Bluesky.

No entanto, essa atmosfera pode não agradar a todos. Derek Guy, conhecido como "o cara da moda masculina," elogia o tom positivo, mas confessa que a falta de “idiotas” pode dificultar interações cômicas que antes funcionavam bem no X.

Com a promessa de um espaço controlado pelos usuários, o Bluesky desafia o modelo centralizado das redes sociais atuais. A plataforma ainda enfrenta obstáculos, mas suas inovações indicam um caminho alternativo para o futuro das interações online.

Acompanhe tudo sobre:Redes sociaisTwitterBilionáriosElon MuskMeta

Mais de Tecnologia

Luxo em Dubai e IA no Texas: como Hussain Sajwani virou o homem de Trump no Oriente Médio

Secom critica decisão de Zuckerberg de remover checagem de fatos dos serviços Meta

CES 2025 bate recorde com mais de 1,3 mil expositores chineses

Nvidia revela menor supercomputador de IA do mundo na CES 2025