Redator na Exame
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 06h46.
Desde que Elon Musk transformou o Twitter no atual X, o Bluesky, uma rede social com foco em descentralização, tem atraído milhões de usuários. Sob a liderança de Jay Graber, a plataforma busca ser “à prova de bilionários,” com uma abordagem inovadora que coloca os usuários no centro do controle. A reportagem é da Forbes.
Lançado em 2023, o Bluesky começou como um projeto de pesquisa dentro do Twitter, desenvolvendo o Protocolo AT (Autentic Transfer). O objetivo era criar uma linguagem compartilhada que permitisse a interoperabilidade entre diferentes redes sociais. No entanto, a aquisição do Twitter por Elon Musk mudou os rumos da iniciativa, transformando o Bluesky em uma plataforma independente.
Ao contrário de redes tradicionais que centralizam algoritmos e dados, o Bluesky oferece aos usuários a liberdade de personalizar sua experiência. É possível criar e seguir feeds específicos, como tópicos sobre jardinagem ou notícias, com os usuários mantendo o controle do conteúdo. Além disso, sistemas de moderação, verificação e até filtros de conteúdo podem ser projetados pelos próprios membros da comunidade.
Graber acredita que a descentralização é a chave para evitar que a plataforma siga os mesmos caminhos de gigantes como X e Threads. “Abrimos o mercado para que empreendedores e desenvolvedores construam soluções personalizadas. Isso garante que o controle não esteja restrito a uma única entidade,” afirma a CEO à Forbes.
Embora o modelo ofereça maior liberdade, ele exige mais esforço por parte dos usuários, que precisam aprender a configurar feeds e ferramentas. Mesmo assim, a boa recepção da plataforma, que já conta com mais de 25 milhões de usuários, sugere que a estratégia está funcionando.
O Bluesky levantou US$ 15 milhões (R$ 91,8 milhões) em uma rodada de investimentos em outubro de 2024 e está testando modelos de assinatura para gerar receita. Diferente de outras redes, a plataforma evita depender exclusivamente de anúncios, prática que Graber considera “superexploratória.” Segundo ela, a publicidade muitas vezes desvia o foco do desenvolvimento de outros recursos.
Apesar disso, o Bluesky não descarta explorar anúncios futuramente, desde que mantenham o controle nas mãos dos usuários. Para Graber, “encontrar fontes de receita sustentáveis e éticas é essencial para evitar os erros cometidos por outras plataformas.”
Graber enfatiza a necessidade de independência do protocolo AT para proteger o Bluesky a longo prazo. Para isso, ela busca colaboração com órgãos reguladores e organizações internacionais que possam adotar e expandir o protocolo. “O verdadeiro bilhete para a descentralização é que o controle esteja nas mãos de muitas partes interessadas, e não apenas no Bluesky,” explica.
A adoção do protocolo está em expansão. Recentemente, pôsteres misteriosos apareceram em São Francisco com o slogan “Free Our Feeds,” promovendo um anúncio relacionado ao AT Protocol previsto para 13 de janeiro.
A abordagem do Bluesky já chamou a atenção de concorrentes como Meta Threads, que começou a replicar algumas de suas funcionalidades. A plataforma também conquistou apoiadores como o investidor bilionário Mark Cuban, que elogia o ambiente mais civilizado do Bluesky.
No entanto, essa atmosfera pode não agradar a todos. Derek Guy, conhecido como "o cara da moda masculina," elogia o tom positivo, mas confessa que a falta de “idiotas” pode dificultar interações cômicas que antes funcionavam bem no X.
Com a promessa de um espaço controlado pelos usuários, o Bluesky desafia o modelo centralizado das redes sociais atuais. A plataforma ainda enfrenta obstáculos, mas suas inovações indicam um caminho alternativo para o futuro das interações online.