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O plano da Huawei para se tornar (quase) independente dos Estados Unidos

A gigante chinesa já produz seus smartphones sem a ajuda dos Estados Unidos. Mas descartar o mercado americano parece não estar nos planos

Huawei: fabricante chinesa já não necessita importar peças do mercado americano, mas não descarta reaproximação (Tyrone Siu/File Photo/Reuters)

Huawei: fabricante chinesa já não necessita importar peças do mercado americano, mas não descarta reaproximação (Tyrone Siu/File Photo/Reuters)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 16h49.

Última atualização em 31 de dezembro de 2019 às 14h10.

São Paulo – A Huawei não depende mais dos Estados Unidos. Pelo menos para produzir alguns de seus smartphones. A fabricante chinesa que sofre com o banimento comercial imposto pelo governo americano mudou seus negócios e, agora, opera de forma independente.

De acordo com um relatório produzido da consultoria de inteligência de mercado UBS em parceria com o laboratório japonês de engenharia reversa Fornalhhaut Techno Solutions e reportado pelo jornal americano The Wall Street Journal, smartphones topo de linha da companhia, como o Mate 30, não usam mais componentes fabricados ou vendidos por empresas americanas.

A independência chinesa também vale para equipamentos de telecomunicação, como modens e estações-base utilizadas no desenvolvimento da infraestrutura responsável pela quinta geração de internet móvel, o 5G.

Operar de forma independente não foi um plano que surgiu por acaso. Desde 2012, temendo uma guerra comercial entre Estados Unidos e China ou atritos na relação da fabricante com governos futuros, a gigante chinesa já se preparava para lidar com contratempos comerciais.

Desta forma, a busca passou a ser por novos parceiros comerciais formulando um plano de emergência caso o pior acontecesse. Uma medida foi a inauguração da HiSilicon, divisão focada na fabricação de chips de rede. A produção caseira reduziria custos com a compra de dispositivos de empresas americanas como Broadcom, Qorvo e Skyworks. Para dar conta da demanda, a Huawei firmou uma parceria estratégica com uma fornecedora adicional. No caso, a japonesa Murata.

Essa preparação foi necessária, mas não foi barata. Estima-se que a Huawei tenha gastado mais de 11 bilhões de dólares em infraestrutura e novos acordos comerciais. Parte deste dinheiro, é claro, poderia estar ocupando um espaço considerável em cofres americanos.

Isso tudo não significa, entretanto, que a companhia com sede em Shenzhen desistiu de fazer negócios com empresas americanas. Apesar de ser gigante na China com vendas que representam 36% do total de smartphones comercializados, conforme dados computados durante o segundo trimestre deste ano pela consultoria Counterpoint Research, a empresa comandada por Ren Zhengfei ainda sofre para abocanhar mercados externos ao sudeste asiático.

Segundo a GlobalStats, a líder global na venda de smartphones é a Samsung. A gigante sul-coreana respondeu por 31,3% das vendas de aparelhos telefônicos móveis em novembro deste ano. A Apple vem seguida, com 22,87%. A Huawei só aparece na terceira posição, bem atrás da fabricante do iPhone, com uma fatia de 10,16% das vendas. Xiaomi e Oppo vêm em seguida com percentuais de 8,18% e 4,43% respectivamente

Essa competição poderá ficar ainda mais difícil caso a companhia seja impedida de utilizar o sistema operacional Android, desenvolvido pelo Google. Mesmo que tenha um novo sistema operacional produzido em casa, uma proibição neste ponto impediria que novos smartphones da companhia chinesa possam acessar aplicativos como Gmail, Mapas, Google Pay, entre outros.

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