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O piloto automático da Tesla chegou cedo demais?

Após um acidente fatal com um Tesla Model S com piloto automático ligado, surge a pergunta: o recurso chegou cedo demais aos motoristas?


	Tesla Model S: carro esteve envolvido no primeiro acidente fatal com piloto automático ligado em maio
 (Divulgação/Tesla)

Tesla Model S: carro esteve envolvido no primeiro acidente fatal com piloto automático ligado em maio (Divulgação/Tesla)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 15 de julho de 2016 às 15h52.

São Paulo – No início deste mês, foi divulgado o primeiro caso de acidente fatal envolvendo um Tesla Model S com o piloto automático ligado. Uma colisão que aconteceu no dia 7 de maio causou a morte de Joshua Brown, um cidadão americano. O fato despertou um debate sobre o recurso de auxílio de direção disponibilizado pela montadora a seus clientes, além do envolvimento de órgãos federais nas investigações do acidente.

Nesta semana, um texto publicado na revista Consumer Reports trouxe os holofotes à discussão. A revista é extremamente conceituada quando o assunto é mercado e a relação entre empresas e consumidores. O artigo, vale dizer, não pega nada leve com a empresa de Elon Musk.

“Ao propagandear o recurso como ‘piloto automático’, a Tesla dá aos consumidores uma falsa sensação de segurança”, afirma no texto uma vice-presidente da publicação.

O relatório, chamado “Piloto automático da Tesla: muita autonomia cedo demais”, pede que a montadora deixe de oferecer o recurso a seus consumidores, entre algumas outras sugestões.

Após a divulgação de informações sobre o acidente de Brown, a Tesla voltou a falar sobre como seu piloto automático é uma ferramenta de auxílio de direção e não dá autonomia ao veículo.

O texto, publicado no blog da empresa, ressalta que “Autopilot é um recurso de assistência que requer que você mantenha suas mãos no volante o tempo todo e que você precisa manter o controle e a responsabilidade sobre o veículo”.

A Consumer Reports, no entanto, acredita que este ponto pode não ser amplamente compreendido pelos consumidores. Um dos problemas ressaltados pela publicação é o nome do recurso. O texto pergunta se o nome não “promove a suposição prematura e perigosa de que o Model S é capaz de se dirigir de forma completamente autônoma”. Uma pergunta e tanto, convenhamos.

Especialistas consultados pela publicação analisaram que o marketing realizado pela Tesla pode ter criado uma confusão nos motoristas. Eles ainda ressaltam que, enquanto boa parte da indústria está adotando recursos parecidos de forma lenta, a Tesla foi extremamente agressiva ao já disponibilizar o auxílio de direção para consumidores.

Para a Consumer Reports, a Tesla deve tomar as seguintes atitudes: desabilitar a direção automática até que haja uma tecnologia que garanta que o motorista está com as mãos no volante; pare de se referir ao recurso como "piloto automático"; deixe as limitações do sistema mais claras para os motoristas; e deixe de liberar o sistema em versão de testes (beta) para ser usado nas ruas.

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