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O Mercado Livre está apostando na Amazon – mas só na nuvem

Companhia argentina anunciou que vai reforçar sua aposta na AWS, o empresa de computação em nuvem da gigante americana, para tornar seus serviços mais ágeis

Mercado Livre: empresa vai reforçar sua aposta na AWS, da Amazon (Sarah Pabst/ Bloomberg via/Getty Images)

Mercado Livre: empresa vai reforçar sua aposta na AWS, da Amazon (Sarah Pabst/ Bloomberg via/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 24 de novembro de 2020 às 12h41.

Desde que chegou ao Brasil, a Amazon causou um frio na barriga nos competidores locais do comércio eletrônico com a ameaça de dominar rapidamente o varejo digital brasileiro. Isso não aconteceu – ao menos ainda. Por ora, o que se vê é que uma das grandes rivais da gigante americana na América Latina apostando justamente na tecnologia americana. O Mercado Livre está reforçando a sua aposta na AWS, empresa de computação em nuvem da Amazon.

AWS é a sigla para Amazon Web Services. Trata-se de uma divisão que serve empresas de diferentes ramos com uma operação voltada para o armazenamento de dados na nuvem. É independente pois não serve apenas ao propósito da varejista. A AWS pode ser utilizada por qualquer companhia. Seja ela uma rival no comércio eletrônico, como o Mercado Livre, ou do streaming, como a Netflix.

Conforme antecipado com exclusividade pela EXAME, o Mercado Livre vai dobrar a sua aposta na nuvem com a AWS. A ideia é apoiar toda a digitalização do negócio da empresa, tornando-a totalmente baseada em dados. Isso significa que toda transação de compra e venda na plataforma poderá ficar mais ágil e prática. Segundo a empresa, mais de 464 visitas e 19 compras são realizadas por segundo na plataforma.

Na prática, o consumidor não deve notar outras diferenças que não sejam uma velocidade maior de acesso e uso do site e dos aplicativos do Mercado Livre. “Talvez isso não seja tão visível ao usuário, a AWS abre a possibilidade do uso de uma série de ferramentas que permitem escalar o crescimento da empresa para atender a uma demanda cada vez maior de consumidores”, afirmou Sebastian Barrios, vice-presidente de tecnologia do Mercado Livre.

A parceria também vai ajudar o Mercado Livre a intensificar o seu processo de análise de dados do negócio. O objetivo é otimizar este processo para identificar as tendências de compra dos consumidores. A partir do momento em que consegue realizar isso, a empresa pode utilizar técnicas de machine learning para utilizar a inteligência artificial com este propósito, o que vai ajudar aumentar as vendas na plataforma.

Para a Amazon, a parceria com o Mercado Livre é mais uma oportunidade de mostrar ainda mais a força de sua nuvem. Do faturamento de 96,1 bilhões de dólares registrado no terceiro trimestre de 2020, uma fatia de 11,6 bilhões de dólares (12,1%) veio da divisão de computação em nuvem, a AWS. Assim como no segundo trimestre deste ano, o setor apresentou crescimento de 29%.

A companhia chegou ao Brasil em 2011 com seu braço de computação em nuvem. Desde então, o país apresentou mostrou-se importante para a estratégia digital da companhia de Jeff Bezos ganhar terreno na parte mais ao sul da América. Dados da consultoria americana IDC apontam que a AWS possui uma fatia de 54,3% do mercado brasileiro e de 52,7% de todo o mercado de nuvem classificada como Infraestrutura como Serviço (IaaS, na sigla em inglês).

Mercado Livre e Amazon adotam estratégias semelhantes em seus negócios. Ambas as empresas investem para diminuir a dependência de outras empresas em seu principal negócio: o varejo digital. Ambas criaram seus próprios sistemas de pagamento e possuem operações próprias de logística para o armazenamento e a entrega dos produtos. Recentemente, o Mercado Livre anunciou que iria dobrar esta capacidade logística.

Por este motivo, Barrios foi questionado sobre os planos do Mercado Livre para ter a sua própria AWS. O executivo não descartou a possibilidade, mas disse que o foco agora é intensificar o e-commerce no Brasil em vez de apostar, ao menos neste momento, no desenvolvimento de tecnologias como um serviço próprio de computação em nuvem para atender à demanda companhia.

A justificativa é baseada em números. O varejo digital brasileiro ainda engatinha em ritmo global. Dados da consultoria Ebit Nielsen mostram que as vendas pela internet somaram 61,1 bilhões de reais no 1º semestre deste ano. Apesar da alta de quase 46% ante o mesmo período de 2019, o valor ainda representa apenas uma fração ínfima dos 581,5 bilhões de dólares (ou 3,1 trilhões de reais) do comércio eletrônico dos EUA no mesmo período.

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