Simon Segars: CEO da ARM (Chris Ratcliffe/Bloomberg/Getty Images)
Repórter
Publicado em 11 de agosto de 2023 às 15h49.
Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 10h43.
A ARM se prepara para sua estreia no mercado de ações, marcando um momento importante para as empresas de tecnologia que esperam listar suas ações.
Depois de uma queda de 75% no número de IPOs entre 2021 e 2022, segundo dados da Ernst & Young, a apresentação da ARM, prevista para setembro, pode se tornar o grande indicador da retomada do interesse do mercado em tecnologia em 2023, com uma avaliação esperada entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões.
O SoftBank, proprietário da ARM, no entanto, enfrenta desafios para atingir a avaliação que busca. O primeiro é a estagnação do mercado da empresa de chips, que passa por uma transição para processadores focados em inteligência artificial (IA), expertise que a empresa ainda não desfruta se comparada com líderes como Nvidia e Intel.
Com uma reavaliação de valores em todo o setor de tecnologia, os investidores tentam discernir as empresas que se beneficiarão do boom antecipado da IA generativa daquelas que não conseguirão. Essas questões poderiam complicar um IPO, e, juntas, representam um cenário desafiador para a venda de ações.
Em resposta, o banco procura garantir um grupo de investidores âncora para sustentar o preço da oferta. Informações recentes indicam discussões para a Amazon entrar no negócio, enquanto o SoftBank chama também outros clientes da ARM para fazer coro.
Da porta para dentro, a ARM enfrenta uma queda relacionada ao mercado de smartphones, onde seus designs para processadores de baixo consumo são o padrão. O rendimento nesse braço caiu 11% no último trimestre devido à demanda reduzida pelos aparelhos.
A empresa também enfrenta perdas por não investir na tendências do setor que são as GPUs e chips de rede. Seis anos atrás, comprou ações da Nvidia no valor de US$ 3 bilhões, que, se mantidas, valeriam agora mais de US$ 50 bilhões.
Os esforços do SoftBank para atrair grandes clientes da ARM como investidores têm o objetivo de validar o negócio da empresa em um período de incerteza. Entretanto, até o momento, não há confirmação de um acordo para fazer o colchão de segurança da nova big tech.
Embora pouco conhecida em seu mercado doméstico, a ARM é uma das poucas empresas de tecnologia britânicas que fazem diferença em um setor dominado por gigantes americanos e asiáticos.
Em 2016, o SoftBank Group, liderado pelo empreendedor japonês Masayoshi Son, adquiriu a ARM por cerca de US$ 32 bilhões um ganho de 43% em relação ao preço das ações antes da oferta.