Usuário com um smartphone da Apple: óperadoras internacionais apostam no ganho de economia e escala para ofertar os serviços de núvem no Brasil (Jean-Sebastien Evrard/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2013 às 12h42.
São Paulo - A oferta de serviços em nuvem não é novidade há muito tempo, mas o mundo móvel começa a gravitar em torno do assunto cada vez mais. Conexões mais robustas como o LTE, serviços over-the-top (OTT), virtualização de sistemas e plataformas totalmente baseados em aplicações em cloud como o Firefox OS prometem acabar com a importância do hardware como principal elemento de mudança no setor. A tendência foi observada durante o congresso TM Forum, nesta terça, 19, em São Paulo.
Para o vice-presidente sênior de gestão de portfólio e produtos da TM Forum, George Greele, a nuvem é uma faca de dois gumes, pois permite testar e descartar rapidamente um serviço ou aplicação, mas as facilidades acabam sendo universais. "É bom porque pode fazer coisas com pouco dinheiro, mas significa também que qualquer um pode fazer", diz.
Tudo isso remete também à mudança de paradigma que já aconteceu com alguns setores que focavam mais no ativo físico do que no impalpável, como a indústria fonográfica ou mesmo os jornais impressos. "Se pode ser digital, será digital. Não porque é a coisa mais sexy a fazer, mas porque é a mais certa. A digitalização está mudando radicalmente a economia que temos hoje, e essas mudanças não vieram de líderes de mercados", alerta.
A presença da operadora norte-americana AT&T na América Latina também tem um pé na convergência da telecomunicação com a Tecnologia da Informação e o cloud computing. A rede mundial da empresa tem um tráfego médio de 43,4 petabytes de dados por dia útil graças aos usuários e serviços corporativos.
O diretor arquiteto responsável pela região na empresa, Arthur Mazzini, diz que nos modelos de negócio, é preciso ter grande capacidade de tráfego para permanecer online. "No desenvolvimento de aplicativos mobile estou competindo com Accenture e IBM, mas estou também colaborando com esses parceiros em cloud", diz.
Para a empresa, a nuvem precisa que as redes globais sejam robustas, mas oferece vantagens como a flexibilidade. "Não importa mais onde está o meu data center, se em Miami, São Paulo ou Bangladesh".
OTT veio para ficar
Atuação semelhante tem a Deutsche Telekom, que oferece serviços corporativos no Brasil. A operadora alemã oferece, por exemplo, uma solução de Cloud PBX que traz voz em alta definição, trunking e outros serviços que podem ser acessados tanto em telefones fixos quanto móveis.
Outro produto é uma ferramenta de videochamada OTT semelhante ao Skype. Mas o que o vice-presidente de vendas para a América Latina, Vancrei Oliveira, mostra com mais potencial é o serviço de cloud TV. Segundo ele, as teles vão passar de um modelo de IPTV para oferecer o serviço inteiramente na nuvem. "A operadora pode oferecer isso, é um caminho natural. O interessante é garantir a qualidade do serviço", explica.
Outra ideia da Deutsche Telekom é a de mudar a forma de cobrança em jogos móveis: em vez de o usuário pagar para baixar o aplicativo no dispositivo, ele pagaria por uma mensalidade no uso. Oliveira não chega a mencionar um serviço de streaming de games como o OnLive, para computadores. Ainda assim, é enfático: "O OTT veio para ficar".
Infraestrutura
A operadora brasileira GVT utiliza outra abordagem: o Software as a Service. "A empresa precisa ter visibilidade de atendimento em diversos canais", explica Sandro Simas, diretor de TI da companhia. Os pontos de contato com o cliente são valorizados, incluindo as faturas, para criar uma camada de aplicações e de processamento de negócio.
"Praticamente não temos legado, então temos pacotes de mercado atualizados", diz. A escolha da TOA como fornecedora da solução se deu por conta do time-to-market. "A chave é ter um data Center tier 3 com uptime garantido."
Abordagem parecida tem o fundador da Clarity e "embaixador" do TM Forum, Tony Kalcina. Ele diz que as operadoras não podem mais conhecer o cliente por amostragem, garantindo visibilidade fim a fim no sistema da rede. "É preciso monitorar cada passo, como e onde a pessoa estava fazendo um upload de uma foto no Facebook. Isso é conhecimento profundo, é o que o Google faz, com propaganda relevante e contextual".
Ele diz que as teles precisam diminuir tudo: Capex, Opex e churn, mas precisam melhorar a experiência do consumidor e monetizar. "Com modelos universais, podemos começar a prever e economizar 30% dos investimentos na atualização de rede. Há mais inteligência que podemos aplicar", garante.