O novo domínio da Internet .sucks (ndr: porcaria, em inglês) despertou uma comoção sobre a liberdade de expressão online e o potencial de extorsão contra empresas e pessoas físicas.
A empresa que opera este novo domínio afirma que ele foi "projetado para ajudar os consumidores a erguer sua voz e permitir que as empresas encontrem valor na crítica".
Mas os críticos o enxergam como um esquema de extorsão projetado para forçar as empresas e indivíduos a gastar mais dinheiro para manter um site desfavorável ou ofensivo offline.
De acordo com relatos da mídia, Microsoft, Facebook, Google e outras grandes empresas adquiriram os domínios exercendo seus direitos de prioridade da marca, supostamente sem a intenção de usá-los.
A estrela da música Taylor Swift supostamente fez a mesma coisa.
O que tem alimentado preocupações é que o registro de domínio, de uma empresa com sede no Canadá chamada Vox Populi, está cobrando 2.500 dólares (cerca de R$ 7.500) para os nomes de sites - muito mais do que um registro típico de site, entre 10 e 25 dólares - antes que os nomes sejam abertos ao público em 1 de junho.
A Constituinte para a Propriedade Intelectual, um grupo consultivo para o regulador de domínio da Internet global, queixou-se no mês passado que as "somas exorbitantes" são efetivamente um "esquema" para obter dinheiro de empresas e outros.
Após o prazo de 1º de junho, "trolls" online ou "cybersquatters" poderão comprar os nomes e depois cobrar preços ainda mais elevados, segundo o grupo - que inclui associações da indústria da música, filme e softwares e outras organizações de marcas registradas.
No mês passado, o grupo pediu à Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (ICANN), que administra o sistema de domínios, para barrar o domínio .sucks antes que ele entrasse no ar.
Mas a ICANN diz que não tem autoridade para analisar questões de preços ou outros abusos e que não interfere na liberdade de expressão online.
"Nós não entramos no mérito de conteúdo ou modelo de negócios, nem interferimos no preço de um registro", afirmou Akram Atallah, que dirige a divisão domínios global da ICANN.
Segundo ele, a Vox Populi seguiu todos os procedimentos para sua aplicação, sem nenhuma objeção formal apresentada durante o período de testes.
O debate ocorre no momento em que a ICANN atua para expandir consideravelmente o número dos chamados domínios genéricos de primeiro nível (gTLDs) dos tradicionais .com e .gov, para alguns como .porn e .wine (ndr: pornô e vinho, respectivamente).
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1. Será que resiste?
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1/21 (Lionel Bonaventure/AFP)
São Paulo - Reunir 20 coisas que a internet está ajudando a enterrar de vez parecer ser uma tarefa fácil. Mas não é. É difícil saber o que não irá resistir a a internet e as transformações que ela provoca. Entretanto, nos arriscamos aqui a elencar algumas coisas que, se não desaparecerem, vão ter que se reinventar para continuarem existindo.
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2. Cartas
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2/21 (Hulton Archive/Getty Images)
Hoje em dia, só se envia cartas em situações raríssimas. Após séculos, esta forma de comunicação foi substituída por WhatsApp, e-mails e outras formas de comunicação, que usam a internet para chegarem a seus destinatários.
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3. CDs
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3/21 (Stock Exchange)
Os CDs têm sido uma das maiores vítimas da internet, que permitiu novas formas de acesso à música - como o download e o streaming. Hoje, as gravadoras estão brigando com o YouTube e comprar um CD se tornou algo cada vez mais raro.
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4. Enciclopédias de papel
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4/21 (Getty Images)
Quem ainda usa enciclopédias de papel com frequência? Importante fonte de referência no passado, elas foram substituídas por sites como Google e Wikepedia na corrida pelo conhecimento. Alguns casos são emblemáticos - como a Britânica, que, em 2012, deixou de ser impressa após 244 anos de existência.
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5. Discussões de bar
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5/21 (FERNANDO FRAZAO/VEJA RIO)
Uma das coisas que a internet vem matando são as intermináveis discussões de mesa de bar. Perguntas como "A Lady Gaga é homem?" e "Como curar um coração partido?" dariam pano para manga em outros tempos - mas hoje estão entre as mais procuradas no Google.
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6. Esquecimento
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6/21 (Philippe Huguen/AFP)
O espanhol Mario Costeja acionou o Google no Tribunal de Justiça da União Europeia. O motivo: a empresa estaria interferindo no seu direito ao esquecimento. Na era da internet, o esquecimento está mesmo se tornando um recurso cada vez mais escasso.
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7. O mistério da medicina
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7/21 (AFP)
De acordo com o Urban Dictionary, Dr. Google é o termo usado para qualificar uma "pessoa que usa o Google para diagnosticar sintomas de doença". Como se vê, o mistério em torno do conhecimento dos médicos pode estar sendo ameaçado pela praticidade oferecida pela internet.
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8. Privacidade
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8/21 (TAMIRES KOPP / INFO EXAME)
Aconteceu em março em Rio Claro (SP). A Justiça determinou que a prefeitura local pagasse a dois empregados uma indenização por danos morais. O motivo foi a violação de mensagens eletrônicas trocadas entre eles em horário de trabalho. Este é apenas um exemplo dos problemas envolvendo privacidade e internet, cada vez mais comuns.
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9. Comparação de preços
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9/21 (Nacho Doce / Reuters)
Ir de loja em loja comparando os preços de um produto é hoje um trabalho desnecessário. Tudo isso graças à internet, que por meio de sites como Buscapé, fez com que esta tarefa se tornasse bem mais fácil.
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10. Fanzines
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10/21 (Domínio Público)
Durante muito tempo, as fanzines foram um dos carros-chefes de quem se dizia "independente" e acreditava ter algo a dizer. Hoje, as revistinhas fotocopiadas que eram distribuídas de mão em mão deram lugar aos blogs - alcançando assim um número muito maior de pessoas graças à internet.
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11. Memória
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11/21 (Artem Chernyshevych / SXC)
Ao mesmo tempo em que destrói o esquecimento, a internet também está acabando com a memória. Um estudo realizado nos EUA apontou que o acesso fácil à informação reduziu nossa capacidade de armazenar dados. "Quando se deparam com questões difíceis, as pessoas tendem a pensar em computadores", afirma o artigo.
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12. Locadoras de vídeo
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12/21 (Victor J. Blue/Bloomberg)
No passado, alugar um filme numa locadora era quase um ritual. Havia até atendentes especializados, que indicavam a melhor opção de acordo com o gosto do cliente. Hoje em dia, isso é cada vez mais raro. Em serviços como YouTube e Netflix, filmografias inteiras estão disponíveis para quem quiser assistir. E não faltam sites para repletos de referências na internet.
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13. Fax
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13/21 (Domínio Público)
Num futuro próximo, ninguém mais saberá o que foi um fax. Revolucionário em seu tempo, o aparelho permitia que uma cópia idêntica de determinada mensagem fosse produzida por outro aparelho do mesmo tipo a quilômetros de distância. Hoje em dia, uma foto de um documento enviada via internet produz o mesmo resultado.
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14. Loja de games
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14/21 (Divulgação)
Assim como alugar filmes já foi uma aventura, comprar games também não era muito diferente. Na década de 1990, vários jovens ainda juntavam moedinhas para comprar o cartucho que permitiria bons momentos de diversão. Com a popularização da internet e o surgimento de serviços como Xbox Live, isso se tornou coisa do passado.
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15. Lista telefônica
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15/21 (Stock.xchng)
Calhamaços de páginas amareladas nas quais constavam todos os telefones da cidade. Assim eram as listas telefônicas, que por muito tempo ajudaram as pessoas a saber o número exato para entrar em contato com alguém. Com a internet, isso perdeu completamente o sentido - já que sempre é possível dar uma "googlada" para descobrir qualquer telefone.
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16. Rádios
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16/21 (Getty Images)
Recém-chegado ao Brasil, o Spotify é mais um serviço online que oferece ao usuário a possibilidade de ouvir música. Até pouco tempo, esse era o papel das rádios - que devem continuar existindo, mas vêm perdendo espaço e importância. Em 2012, um levantamento feito na Inglaterra mostrou que 30% da audiência das rádios no país vinham da internet.
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17. Burocracia
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17/21 (Divulgação)
Dentro de um ano e meio, o Ministério do Trabalho e Emprego pretende lançar o eSocial. O site funcionará como uma folha de pagamento digital e mostra que a internet (mesmo que muito lentamente...) pode estar ajudando a matar a burocracia no Brasil.
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18. Concentração
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18/21 (Justin Sullivan/Getty Images)
Cem pessoas participaram de um estudo realizado na Inglaterra em 2010, que apontou que a internet pode estar reduzindo a capacidade de concentração das novas gerações. Por serem mais dispersos, os mais jovens deram respostas menos consistentes a uma série de perguntas propostas pelos cientistas, as quais poderiam ser respondidas após consultas à internet.
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19. Empresas de internet
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19/21 (lfelton/Freeimages)
Desde que se popularizou, a internet cria e devora empresas que atuam nela mesma. Quem aí se lembra de GeoCities, Tiscali e outras vítimas da bolha da internet, que explodiu no ano 2000? Há quem diga que estamos passando agora por um fenômeno parecido, com empresas como LinkedIn e Facebook vendendo ações na bolsa. Se vai dar certo no longuíssimo prazo, só o tempo irá dizer. Os milionários e bilionários criados por essas empresas atestam que sim, é claro. Mas a história joga contra.
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20. Ócio
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20/21 (Ryan McVay / Getty Images)
A "inatividade de espírito" que é uma das definições do ócio também está se perdendo com a internet. Afinal, todo mundo que tem qualquer tempo livre aproveitando para conferindo seus perfis nas redes sociais e lendo as últimas notícias aqui em EXAME.com.
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21. Agora, saiba quais são as vítimas dos smartphones
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21/21 (Jerome Favre/Bloomberg)