Dispositivo Flow em meio a ônibus em cruzamento em Londres: ajuda na batalha contra a poluição (Simon Dawson/Bloomberg)
Gustavo Gusmão
Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 05h55.
Não é surpresa que dentro do metrô de Londres o ar esteja poluído, mas fora do museu do Louvre, em Paris, também? Seria mais fácil pensar que os Jardins das Tulherias, ali perto, projetados por André Le Nôtre, deixariam o ar mais respirável.
Um dispositivo da startup Plume Labs elimina essa suposição. O aparelho de quatro polegadas de altura — chamado Flow — envia leituras da qualidade do ar em tempo real para um aplicativo de smartphone com base em quatro níveis, que vão desde baixa poluição até muito alta, e emite avisos de várias cores.
Em Londres foram emitidos alertas de qualidade do ar moderada ou ruim na rede de metrô e nas estações ferroviárias Kings Cross St Pancras e Waterloo. Em Paris houve alertas na estação Gare du Nord e nas margens do Sena, que foram parcialmente fechadas para carros pela prefeita Anne Hidalgo.
Prefeitos de cidades como as capitais do Reino Unido e da França vêm travando uma guerra contra a poluição nos últimos anos, com promessas de ar mais limpo e ambientes mais saudáveis para os cidadãos, e várias medidas, que vão da proibição parcial de circulação até pedágios por congestionamento. Os níveis de dióxido de nitrogênio, um contaminante nocivo do ar, são piores no centro de Londres do que os de Pequim.
A Plume afirma que a poluição deve ser medida mais localmente porque existem grandes diferenças dentro de uma cidade — às vezes de dez vezes em algumas centenas de metros — e os hábitos das pessoas em ambientes fechados, desde cozinhar até usar produtos de limpeza ou purificadores de ar, afetam o ar que respiram.
“Nem todo mundo vai se mudar para o campo para ter um ar mais limpo, por isso temos que lidar com a necessidade de respirar melhor nas cidades”, disse David Lissmyr, cofundador e diretor de tecnologia. “A melhor maneira de fazer isso é com dados personalizados.”
O Flow, que é vendido por 179 euros na Europa e US$ 179 nos EUA, mede fatores como categorias de partículas finas e compostos orgânicos voláteis (VOC, na sigla em inglês). Esses poluentes foram considerados responsáveis por várias doenças, desde asma e bronquite até câncer de pulmão.
A Plume foi fundada há quatro anos pelos empreendedores franceses Lissmyr e Romain Lacombe, formados pelo MIT e Stanford, e até agora arrecadou cerca de US$ 6 milhões.
Com dados mais detalhados, a startup afirma que será capaz de sugerir o caminho mais limpo para ir de bicicleta ao trabalho ou para correr, ou a melhor hora para abrir as janelas de casa para respirar ar fresco.
“Não queremos apenas que as pessoas saibam que elas estão respirando ar ruim e fiquem revoltadas”, disse Lissmyr. “O Flow tem a ver com a mudança de comportamento e com evitar estar — e respirar — no lugar errado na hora errada.”