Tecnologia

Novas tecnologias transformam Boeing 787 em 'avião dos sonhos'

Principal inovação foi o uso de materiais compostos, o que permitiu a fabricação de uma aeronave mais leve, mais resistente e mais econômica

Já com as cores da ANA, o 787 decola para um voo de teste no estado americano de Washington, onde fica a sede da Boeing (Divulgação)

Já com as cores da ANA, o 787 decola para um voo de teste no estado americano de Washington, onde fica a sede da Boeing (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2011 às 09h10.

São Paulo -- O Boeing 787, que chegou ao mercado oficialmente nesta segunda-feira, é o tipo de lançamento que só se vê a cada 50 anos. A aeronave representa a primeira mudança drástica desde o Boeing 747, lançado na década de 1960. É mais leve, polui menos, é mais econômico, consegue voar mais longe e faz menos barulho. Nada modesta, a empresa decidiu batizá-lo de Dreamliner, ou avião dos sonhos, um trocadilho com a palavra airliner (termo em inglês para aviões comerciais).

A nova aeronave da Boeing consegue avançar em várias áreas graças ao material utilizado na construção (veja gráfico abaixo), aos motores de última geração e a uma série de novos recursos eletrônicos. De acordo com Fernando Catalano, chefe do departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), a utilização de materiais compostos, como a fibra de carbono, para a construção da fuselagem do avião, causou um efeito em cascata.

"Como o avião é 20% mais leve e tão resistente quanto os da geração anterior, construídos basicamente com alumínio, ele consegue carregar mais peso e economizar combustível, além de permitir mudanças na aerodinâmica", explica em entrevista ao site de VEJA. Por causa dos materiais compostos, os engenheiros conseguiram fazer com que a ponta da asa do 787 fosse curvada para cima. "Em velocidade de cruzeiro, esse formato deixa a nave mais rápida e economiza combustível", afirma Catalano.

Outra inovação que aumenta a economia da aeronave é a quantidade de novos componentes eletrônicos. "Eles permitem que sejam usados menos sistemas hidráulicos e pneumáticos e faz com que o próprio avião possa produzir energia durante o voo", explica o engenheiro. "Além disso, os circuitos eletrônicos ajudam a reduzir a emissão de poluentes."


A Boeing também apresentou motores mais silenciosos e mais econômicos no 787. Catalano explica que as turbinas do novo avião são dotadas de algo chamado caixa de redução, um dispositivo que reduz a velocidade das hélices. "Como elas são muito grandes, as lâminas da turbina podem superar a velocidade do som", disse o professor. As caixas de redução ajudam a diminuir essa velocidade, reduzindo o consumo de combustível e o barulho da turbina.

Uso militar

Apesar de serem novidade no setor comercial, as novas tecnologias já vêm sendo usadas pelos militares há algum tempo, segundo Catalano. "Como a aviação civil requer cuidados extras, todas as novidades precisam ser provadas e comprovadas ao longo de anos." Agora que a Boeing abriu o caminho, outras empresas e governos terão uma base de dados para certificar, comprar e fabricar os novos componentes.

O especialista acredita que outros gigantes do setor irão seguir o mesmo caminho da Boeing. A europeia Airbus já utiliza uma mistura de alumínio e fibra de vidro para a fabricação de um material mais leve na construção do 'superjumbo' A380, o maior do mundo, capaz de levar até 853 passageiros. A Bombardier também estuda projetos que utilizam materiais compostos para a construção de aviões.

Fabricante de aviões de menor porte, a japonesa Kawasaki já anunciou que vai lançar uma aeronave que também utiliza materiais mais leves. A ideia é competir com a brasileira Embraer, que possui laboratórios de materiais compostos em São José dos Campos, no interior de São Paulo e em Portugal.

Acompanhe tudo sobre:AviaçãoBoeingEmpresasEmpresas americanasInovaçãoSetor de transporte

Mais de Tecnologia

Apple deve lançar nova Siri similar ao ChatGPT em 2026, diz Bloomberg

Instagram lança ferramenta para redefinir algoritmo de preferências dos usuários

Black Friday: 5 sites para comparar os melhores preços

China acelera integração entre 5G e internet industrial com projeto pioneiro