Tratamento: a droga imunoterápica ainda terá que ser aprovada por órgãos de saúde para ser disponibilizada em clínicas (iSotck/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2016 às 17h12.
São Paulo – Cientistas desenvolveram um novo tratamento que promete aumentar o tempo de vida de pacientes com tipos agressivos de câncer. O estudo revelou que os voluntários que receberam a droga imunoterápica Nivolumab viveram, em média, dois meses a mais do que aqueles que receberam quimioterapia tradicional.
A pesquisa, que foi publicada no New England Journal of Medicine, teve a participação de 361 pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Todos eles já haviam passado pelo tratamento quimioterápico e não mostraram melhora. De acordo com o estudo, 600 mil casos da doença são diagnosticados todo ano no mundo, sendo que os pacientes nessa condição vivem cerca de seis meses.
Dos 361 voluntários, 240 foram tratados com Nivolumab e 121 receberam tratamentos com um de três tipos diferentes de quimioterapia durante quase dois meses. De todos os participantes que receberam a droga imunoterápica ao longo de um ano, 133 morreram (55,4%), enquanto 85 pessoas (70,2%) das que fizeram quimioterapia faleceram.
A pesquisa também revelou que, em média, a taxa de sobrevivência dos pacientes que tomaram o Nivolumab foi de 7,5 meses, enquanto a mesma taxa das pessoas que fizeram o tratamento quimioterápico foi de 5,1 meses.
Além de aumentar o tempo de vida dos pacientes, o Nivolumab também melhorou a qualidade de vida deles. Os pesquisadores notaram que apenas 13% dos pacientes que fizeram o novo tratamento tiveram efeitos colaterais – como enjoo e falta de apetite – em comparação com 35% dos voluntários que passaram pela quimioterapia.
Kevin Harrington, um dos autores do estudo, disse em um comunicado que os resultados indicam que a os médicos agora tem um novo tratamento que pode prolongar significativamente a vida dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço. “Eu estou ansioso para vê-lo (o tratamento) nas clínicas.”
O Nivolumab faz parte de um grupo de medicamentos chamado de inibidores de checkpoint. Eles bloqueiam a ligação entre receptores nas células imunológicas e suas proteínas irmãs – essa inativa as células de defesa do corpo. Esse bloqueio faz com que as células imunológicas identifiquem as células cancerosas e as destruam.
Essa não é a primeira vez que cientistas fazem pesquisas com o Nivolumab para o tratamento de câncer. Um estudo, também publicado no New England Journal of Medicine, mostrou que pessoas com câncer de pulmão que receberam o medicamento viveram, em média, 3,2 meses a mais do que aqueles que receberam quimioterapia.
O Nivolumab ainda terá que passar por aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos antes de ser disponibilizado para pacientes com câncer de cabeça e pescoço do sistema nacional de saúde do Reino Unido (NHS).