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Tecnologia pode melhorar conexão da internet com aparelhos

Especialista explica o que é o HyperCat, novo padrão de compartilhamento da Internet das Coisas

21. Gerente de sistemas e informática (Adam Berry/Getty Images)

21. Gerente de sistemas e informática (Adam Berry/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2014 às 14h20.

São Paulo - Apesar da ascensão da chamada Internet das Coisas, ainda não dá para dizer que exista um padrão de comunicação que conecte todos os aparelhos.

Há alguns implantados, é claro, e o DLNA é talvez o que chega mais perto de integrar uma boa variedade de dispositivos.

Mas para tentar unificar tudo de vez, um novo consórcio de 40 empresas – que junta nomes do porte da ARM e da IBM – tenta emplacar um novo padrão, apelidado de HyperCat e apoiado por universidades e pelo governo do Reino Unido.

De forma resumida, a nova especificação pretende fazer com que diferentes aparelhos reconheçam uns aos outros. Com isso, eles podem procurar por metadados uns nos outros “usando padrões como HTTPS, Restful APIs e JSON como formatos de dados”, como descreveu o jornal inglês The Register

O projeto é visto pela empresa Flexeye (que lidera o consórcio de companhias) como o possível responsável por “liberar todo o potencial da Internet das Coisas ao criar uma world wide web [WWW] para máquinas”, segundo declaração dada à publicação.

Parece exagero, mas a afirmação não deixa de ter sentido.

Conforme explicou o TechRadar (TR), essa padronização proposta facilitaria a interoperabilidade, “o que significa que semáforos poderiam, em teoria, se comunicar automaticamente com sensores de estacionamento em vez de ficar limitados a outros semáforos”.

É algo que poderia tornar o trânsito melhor e apenas uma das possibilidades. “Muitos sistemas estão começando a disponibilizar dados”, disse ao TR Justin Anderson, CEO da Flexeye. “O desafio é fazer com qualquer um que queira acessar e ler esses dados consiga entendê-los.”

Enfim, para falar um pouco mais sobre o HyperCat, INFO conversou com William Lumpkins, membro sênior do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) e presidente da IEEE Consumer Electronics Society Standards.

O especialista deu alguns detalhes sobre a especificação e explicou as dificuldades e a importância da implementação de um padrão do tipo. Confira a entrevista a seguir.

O que é o HyperCat e qual o maior desafio encontrado para criá-lo? E o que ele traz de diferente para padrões já existentes?

O HyperCat é um padrão baseado em JSON e URI similar ao UPnP ou DLNA.

Ele ainda está engatinhando, e o grande desafio é fazer com que os maiores fabricantes o utilizem no software de suas plataformas, como TVs, dispositivos móveis, sistemas de segurança doméstico e iluminação, por exemplo.

[Quanto a vantagens], eu diria que há menos sobrecarga no HyperCat, permitindo assim que ele seja menor do que outros padrões.

A colaboração responsável pelo HyperCat envolve em maioria companhias de tecnologia do Reino Unido. Há planos de englobar marcas de outros países?

O IEEE e a Consumer Electronics Association (CEA) têm iniciativas que concorrem no campo de padrões de Internet das Coisas (IdC).

Apesar disso, é bem possível que, com o desenvolvimento do HyperCat, ele sirva como referência para padrões estabelecidos tanto pelo IEEE quanto pelo CEA e seus associados.

Dispositivos mais antigos serão compatíveis de alguma forma com a nova especificação?

Sim e não. Ou melhor, talvez. Lembre-se de que o padrão ainda está engatinhando, então isso não foi nivelado totalmente.

Mas como o padrão apenas referencia URIs, algo que ocorre em vários outros padrões de Internet das Coisas, é bem possível que dispositivos mais antigos que seguem especificações similares funcionem – ou só exijam modificações menores para isso.

Ainda no tema, como empresas como Apple, Microsoft e tantas outras que já investiram nos próprios padrões podem ser convencidas a adotar o HyperCat?

No caso específico da Apple, que não gosta muito de padrões aceitos pelo resto do mundo, não a vejo seguindo o HyperCat – a menos que mais de 75% de todos os produtos o esteja utilizando e empresa sinta que precisa dar suporte para se manter competitiva.

A Microsoft, por sua vez, já está perto disso, visto que o novo padrão é muito similar ao UPnP e seria fácil modificar a implementação.

A verdadeira questão aqui é se o HyperCat vai conseguir angariar desenvolvedores de produtos suficientes para despertar o interesse da Microsoft.

Isso porque, na maioria das vezes, padrões como este novo e o DLNA primeiro se certificam de que foram aceitos por empresas grandes antes de se lançarem de vez no mercado.

Mas há um desafio que qualquer padrão enfrenta para isso: a maior parte dos competidores no mercado está tentando se assegurar de que a “propriedade intelectual” de seus próprios produtos está representada de alguma forma, caso o padrão decole.

E finalmente, quais os benefícios que essa padronização pode trazer?

Eis um tópico enorme, sobre o qual escrevi um artigo para a IEEE Consumer Electronics Magazine, chamado “Padrões: Qual o lugar deles no mercado de consumo?” [disponível aqui, em inglês].

Basicamente, a padronização torna menos difícil para o consumidor integrar todos os seus outros dispositivos. Uma das máximas no mercado é a de que o produto que custa mais tende a ser o mais culpado por não funcionar integrado a outros produtos.

Por exemplo: uma pessoa compra uma televisão de quase 5.000 reais e tenta, sem sucesso, conectá-la ao termostato de 230 reais. Ele provavelmente entrará em contato com a fabricante da TV para reclamar que ele não está funcionando direito.

A empresa, então, tentará explicar que o problema é o termostato, mas o cliente vai continuar exigindo que a TV funcione.

Se ambas as empresas seguissem o mesmo padrão de comunicação da Internet das Coisas em seus produtos, com certo nível de interoperabilidade, então esses tipos de problemas seriam minimizados – e os pedidos de reparos para ambos os lados seriam virtualmente eliminados.

Ou seja, as duas marcas manteriam sua reputação (o que ajuda nas vendas) e conseguiriam mais lucro. O cliente ainda ficaria satisfeito e o ecossistema cresceria.

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