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São Paulo - Presente há vários anos no mercado, a bateria de íons de lítio é a que integra a maioria dos dispositivos comercializados em larga escala, como notebooks e smartphones. Entre suas vantagens, está a leveza, a capacidade de armazenamento de energia em relação às anteriores e a ausência do efeito memória (a bateria não vicia). Porém, com o aprimoramento da performance dos dispositivos, o modelo de lítio pode estar com os dias contados.
Em média, um dispositivo com bateria de íon de lítio precisa ser carregado, no mínimo, uma vez por dia. Entendendo que isso pode começar a irritar cada vez mais os usuários, pesquisadores de várias instituições se concentram agora no fluoreto, forma iônico da flúor, que pode armazenar muito mais carga.
Um estudo publicado na revista Science no início deste mês afirma que cientistas da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, conseguiram construir a primeira bateria recarregável de fluoreto líquido que funciona à temperatura ambiente.
A partícula é estudada desde a década de 1970, mas sua exigência por altas temperaturas impediam um cenário de uso em dispositivos do dia-a-dia. "As baterias de flúor podem ter uma maior densidade de energia, o que significa que elas podem durar mais tempo - até oito vezes mais do que as baterias em uso hoje", disse o professor Robert Grubbs, co-autor do estudo e ganhador do Prêmio Nobel de Química em 2005, em um comunicado. "Mas o flúor pode ser um desafio para trabalhar, especialmente porque é tão corrosivo e reativo".
A chave para o sucesso da pesquisa foi a descoberta de um solvente conhecido como BTFE, que foi capaz de deixar os íons de fluoreto, que atuam como ânions, estáveis nos experimentos. A diferença para os íons de lítio, que atuam como cádmios, é que a movimentação destes últimos é mais difícil que a dos ânions, resultando em uma bateria de menor duração quando comparadas as performances.
“Os desafios com esse esquema estão fazendo o sistema funcionar com tensões utilizáveis. Neste novo estudo, demonstramos que os ânions são realmente dignos de atenção na ciência das baterias, uma vez que mostramos que o fluoreto pode funcionar em tensões altas o suficiente", explica Simon Jones, também co-autor do estudo. Os pesquisadores estimam que a bateria de fluoreto consiga durar até uma semana sem precisa ser recarregada.
Agora, a equipe busca realizar mais pesquisas para melhorar o desempenho e a estabilidade da nova bateria, que poderá estar presente em breve em grande parte dos dispositivos.