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Nos Windows Phones da Nokia, a Finlândia é um país distante

Além de apresentar seus aparelhos com Windows Phone, a Nokia mostrou, ontem, que passou por uma transformação radical no último ano

Com tela de 3,7 polegadas, o smartphone Lumia 800, da Nokia, tem quase o mesmo tamanho do iPhone (Divulgação)

Com tela de 3,7 polegadas, o smartphone Lumia 800, da Nokia, tem quase o mesmo tamanho do iPhone (Divulgação)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 31 de outubro de 2011 às 14h18.

São Paulo — A Nokia realizou, ontem, em Londres, a esperada apresentação dos seus primeiros smartphones com o sistema operacional Windows Phone, da Microsoft. O sucesso dos novos aparelhos é vital para que a empresa consiga reverter a acentuada decadência que vem tendo no mercado. Além de novos celulares, o evento em Londres mostrou ao mundo uma nova Nokia. O velho estilo finlandês parece ter ficado num passado distante.

Maior fabricante de celulares do mundo, a Nokia viu sua participação no mercado despencar no último ano. No segundo trimestre de 2010, a empresa ocupava 40,9% do mercado mundial de smartphones, e detinha 30,3% considerando todos os tipos de celulares. No segundo trimestre deste ano, sua fatia já havia encolhido para 23,9% em smartphones e 22,8%  no mercado total de celulares, segundo o Gartner Group.

Como é fácil perceber, a queda foi mais acentuada justamente nos produtos mais avançados e lucrativos. A Nokia ainda é líder, mas é evidente que, se continuar perdendo espaço nesse ritmo, não vai sobrar muito. Por isso, o sucesso dos novos modelos com Windows Phone é vital para a empresa.

Microsoft

O sucesso é crucial, também, para a divisão da Microsoft responsável pelo Windows Phone. Segundo o Gartner Group, esse sistema operacional móvel tinha 4,9% do mercado no segundo trimestre de 2010. Mas esse número caiu para 1,6% no segundo trimestre deste ano. Se a parceria com a Nokia não render bons resultados, o Windows Phone estará automaticamente na lista de espécies em risco de extinção.


Conhecida como a mais bem sucedida das companhias finlandesas, a Nokia parece ter passado por uma transformação radical no último ano. Em setembro de 2010, o finlandês Olli-Pekka Kallasvuo foi substituído, no posto de CEO, pelo canadense Stephen Elop, ex-executivo da Microsoft. Ao que tudo indica, a troca da nacionalidade do CEO não é um detalhe menor nessa história.

Cinco executivos falaram na apresentação de abertura do evento Nokia World, ontem, quando os novos smartphones foram apresentados. Além de o lançamento ter sido feito em Londres, chama atenção o fato de que nenhum desses cinco executivos é finlandês, como notou o noticiário britânico The Register.

Stephen Elop e sua equipe deram bastante ênfase à maneira como os smartphones serão vendidos, à experiência do consumidor no ponto de venda. Esse é uma tema que nem sequer teria sido mencionado numa apresentação da Nokia um ano atrás. Os engenheiros ainda estão por lá, é claro (o próprio Elop é formado em engenharia da computação). Mas o discurso, agora, parece uma conversa entre vendedores e profissionais de marketing.

Lumia e Asha

Isso também fica claro nos nomes dos novos produtos. A Nokia costumava identificar seus aparelhos por combinações de letras e números como N8, C2 e E6. Mas essa linguagem cifrada ficou para trás. Agora há duas marcas: Lumia, para os modelos avançados, baseados no Windows Phone; e Asha (palavra que, em hindu, significa esperança), para os celulares mais simples, que rodam o sistema Nokia Series 40. Pode-se gostar ou não dessas marcas. Mas não há dúvida de que os marketeiros entraram em cena.


A Nokia apresentou, ontem, dois modelos da linha Lumia e quatro com a marca Asha. Apesar de os produtos não serem espetaculares, o lançamento mostra que a Nokia está de volta ao jogo, o que é significativo tratando-se da maior fabricante de celulares do mundo. Os smartphones Lumia 800 e Lumia 710 são os primeiros da empresa com o Windows Phone. Eles chegam às lojas neste ano na Europa. No Brasil, segundo a Nokia, eles começarão a ser vendidos no primeiro trimestre de 2012. 

Os dois aparelhos têm preços estudados para encarar os concorrentes com Android. O Lumia 710, por exemplo, vai custar 270 euros, preço atraente no mercado europeu. Tanto o Lumia 710 como o Lumia 800 têm acesso a e-mail via Outlook (para empresas) ou qualquer webmail (para uso pessoal). Eles incluem a versão móvel do browser Internet Explorer e contam com o serviço de música Nokia Music. Trazem também o  aplicativo de navegação Nokia Drive, que permite usar o GPS com instruções faladas. O usuário também recebe um espaço de 25 gigabytes para armazenar seus arquivos na nuvem, no serviço SkyDrive, da Microsoft.

Concorrência

Com hardware mais poderoso, o Lumia 800 deverá ser um dos melhores aparelhos com Windows Phone no mundo. O sistema operacional da Microsoft vem sendo elogiado pelo bom acabamento e pela facilidade de uso. Mas, comparando esses smartphones com os concorrentes com Android e com o iPhone, nota-se que não há nada, neles, que possa colocá-los realmente à frente dos rivais. E o Windows Phone ainda perde para eles no número de aplicativos disponíveis.

Os quatro novos modelos da linha Asha oferecem acesso a redes sociais, jogos como o Angry Birds e um browser para navegar na web. Um dos modelos, o  Asha 200, aceita dois cartões SIM de diferentes operadoras – uma característica apreciada em países como o Brasil. Esses smartphones também devem começar a ser vendidos até o fim do ano. A Nokia não divulgou seus preços e nem disse em quais países estarão disponíveis.

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