Tecnologia

No próximo capítulo da digitalização, a DrumWave quer profetizar dados no lugar do dinheiro

Para a empresa fundada por André Vellozo, trazer todo e qualquer dado para o centro da economia é crucial para o aumento da renda global

André Vellozo, CEO da DrumWave: data capitalization é o novo market capitalization

André Vellozo, CEO da DrumWave: data capitalization é o novo market capitalization

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 07h30.

Última atualização em 8 de janeiro de 2024 às 19h14.

Mudanças de paradigmas são inevitáveis. Essa máxima é extraída do artigo “Disruptive Technologies: Catching the Wave” (1995), do professor de Harvard Clayton Christensen, que introduziu pela primeira vez o termo 'disruptivo' ao mundo. No texto, Christensen estrutura quais características sugerem que uma tecnologia será disruptiva. Na definição central, quando adotada, a inovação cria um novo mercado com os seus próprios valores e riscos.

Dados os atributos de disruptivo, a proposta de André Vellozo, CEO da DrumWave, está se solidificando nos exatos pontos de Christensen. Sua empresa assumiu a complicada tarefa de transferir os dados gerados digitalmente, hoje no controle de algumas empresas, para o 'bolso' das pessoas.

Do lado mais profético do que é a ideia-norte dos negócios da DrumWave, a empresa considera que o mundo está próximo de passar por uma revolução na economia, baseada em propriedade dos dados. Vellozo avalia que essa transformação será no curto prazo, ele estima 2025, e nessa nova dinâmica, a monetização dos dados entre as pessoas será uma revolução que nem mesmo a blockchain, do bitcoin, conseguiu fazer.

“Data capitalization é o novo market capitalization. Se mudarmos o entendimento do que é o lastro das coisas, as pessoas gerarão uma poupança de dados desde o exato dia em que nascerem. Diferente do mundo atual, onde já nascemos com a dívida pública, em uma economia baseada em dados, teremos um saldo positivo considerando todas as informações que geramos em nossas ações”, diz Vellozo.

Isso significa que, nessa possível nova organização do mundo, os indivíduos ganham o poder de obter informações coletadas pelo Facebook, ou de qualquer outro serviço digital, e licenciar o acesso das informações para terceiros.

Essa inovação tem paralelos com o Sistema Brasileiro de Pagamentos, porém, neste caso, a 'moeda' são os dados pessoais. A DrumWave fica com uma comissão dos valores transacionados - sejam informações disponibilizadas por pessoas físicas ou acessadas por empresas.

Um exemplo prático dessa aplicação seria em uma cafeteria que aceita pagamento via carteira da DrumWave. O cliente, ao realizar uma compra, tem a opção de permitir o compartilhamento de seus dados de consumo em troca de uma porcentagem na negociação dessas informações.

Assim, o indivíduo passa a ter uma participação ativa e lucrativa no mercado de dados, um cenário antes dominado exclusivamente por grandes corporações.

Para dar cabo dessa missão transformadora, Vellozo escalou um time com nomes de peso no Brasil e no Vale do Silício, entre eles Patrick Hruby, fundador e ex-CEO da Movile, Fernando Teles, ex-CEO da Visa no Brasil, e Hugh Dubberly, conhecido por seus trabalhos como diretor criativo da Apple e Netscape.

A empresa agora tem no radar a implementação de um produto que ajude na captação dos dados e crie a possibilidade de transacioná-los como hoje é feito com o dinheiro, por meio de dispositivos.

Junto disso, Vellozo tem estreitado as relações com o governo brasileiro para aproximar suas ideias das legislações do país. Em um dos seus movimentos, participou das discussões do projeto de lei batizado de Lei Geral de Empoderamento de Dados, um PL que visa justamente permitir que indivíduos tenham propriedade sobre seus dados e possam “monetizá-los”.

O projeto ainda segue tramitação, mas a depender da DrumWave, os dados com papel central da economia não é uma questão de 'se', mas 'quando'.

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