Tecnologia

"Ninguém fica para trás": na maior feira tech do mundo, a busca por 3 bilhões de novos clientes

Desde o rei da Espanha até o diretor do Itaú estão presentes no Mobile World Congress, em Barcelona, para discutir como expandir as redes de dados sem aumentar a pegada de carbono

MWC 2024: feira de tecnologia móvel acontece entre os dias 26 e 29 de fevereiro (JOSEP LAGO/AFP /Getty Images)

MWC 2024: feira de tecnologia móvel acontece entre os dias 26 e 29 de fevereiro (JOSEP LAGO/AFP /Getty Images)

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 26 de fevereiro de 2024 às 08h49.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2024 às 12h55.

*O jornalista viajou a convite da Huawei

Barcelona - A abertura do Mobile World Congress (MWC 2024), a maior feira de tecnologia móvel do mundo, mostrou a preocupação do setor com um crescimento sustentável. Mats Granryd, diretor-geral da GSMA, associação global das operadoras, ressaltou que a prioridade é "não deixar ninguém para trás".

Granryd explicou que as operadoras têm 4,6 bilhões de clientes no mundo falta, portanto, integrar 3,4 bilhões de pessoas. São potenciais clientes em países menos desenvolvidos, mas também idosos, o que representa um "gap de gênero" na adoção de smartphones e tecnologias móveis, como explica o executivo.

De 2020 para 2022, com a pandemia, 200 milhões de novas pessoas passaram a ter acesso a tecnologias móveis, mas a velocidade de integração está caindo, e precisa ser acelerada, segundo Granryd. "Novos clientes podem adicionar 230 bilhões de dólares à economia global", afirmou.

Não é só sobre IA

O crescimento mais inclusivo mostra como as operadoras e fabricantes de telefonia móvel estão preocupadas em mostrar suas ações ESG (sigla para ambiental, social e governança). Conquistar novos clientes, dentro dessa lógica, impulsiona os negócios e traz algum grau de justiça tecnológica.

Outra prioridade é mostrar como o setor investe para crescer sem aumentar sua pegada de carbono no mundo.

O faturamento das 3 maiores empresas de nuvem do planeta dobrou em 2022 e dobrou novamente em 2023, num enorme avanço no consumo de energia. Segundo estimativas do Greenpeace, o setor de TI consome cerca de 7% da energia do planeta, numa conta que tende a crescer cada vez mais.

Convidados notáveis

O MWC 2024 representa uma retomada da maior feira de tecnologia móvel após dois anos parado pela pandemia e de uma retomada gradual em 2023. Neste ano, assim como era até 2019, cerca de 90 mil pessoas devem passar pelos pavilhões do evento entre os dias 26 e 29 de fevereiro.

A abertura teve a presença do rei e do presidente da Espanha, e contou com um elenco de executivos que incluiu José Maria Álvarez-Pallete, CEO da Telefônica, e Satya Nadella, CEO da Microsoft, que falou por vídeo.

Fábio Napoli, diretor de tecnologia do Itaú, também participou da abertura, falando sobre como o banco usa Open Gateway (ou plataformas abertas) para desenvolver novas tecnologias.

"Em oito anos, o tráfego nas redes da Telefônica cresceu nove vezes, reduzindo o uso de energia", disse Álvarez-Palette. "Precisamos que a explosão no uso de tráfego seja sustentável no uso de energia". A estimativa da GSMA é que o uso de dados deve crescer quatro vezes até 2030.

Nadella falou da importância de colaboração entre as big techs e as empresas de telecom e, assim como seus colegas, defendeu uma nova base regulatória para o setor um dos temas mais quentes do mercado de tecnologia, sobretudo na Europa, que tem avançado em multas e em novas leis de responsabilidade para o setor.

O tom de conciliação com nova regulação também foi defendido por Margherita Della Vale, CEO da Vodafone, que recentemente fechou um acordo de US$ 1,5 bilhão com a empresa de Nadella para ampliar o uso de IA e serviços de nuvem no setor de telecomunicações.

Granryd, da GSMA, afirmou que as operadoras vão investir 1,5 trilhão de dólares até 2030 em redes 5G, com o compromisso de não aumentar a pegada de carbono. O desafio é sustentar a explosão no uso da inteligência artificial que, segundo a instituição, deve pode adicionar 15 trilhões de dólares à economia global até 2030.

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