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Nasa afirma que degelo na Antártida é "irreversível"

Este estudo mostra que cruzamos um patamar crítico', afirmou Tom Wagner, cientista do programa de Criosfera

Antartida

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2014 às 14h11.

A contração das geleiras na Antártida ocidental ultrapassou um limite e é agora "irreversível", afirmaram nesta segunda-feira em teleconferência cientistas que estudaram os dados recolhidos durante quatro décadas pela Nasa.

"Este estudo mostra que cruzamos um patamar crítico", afirmou Tom Wagner, cientista do programa de Criosfera na agência espacial americana, que acrescentou que "não se sustenta em simulações de computador ou modelos numéricos".

"Isto se apoia na interpretação empírica de mais de 40 anos de observações de satélites da Nasa", explicou.

Por sua parte, Eric Rignot, professor de Ciências do Sistema da Terra da Universidade da Califórnia e glaciólogo da Nasa, disse que "a observação deixa em evidencia um grande setor de retirada irreversível das geleiras".

"Já passamos do ponto sem retorno e isto terá consequências maiores para os níveis dos mares no mundo todo", declarou Rignot, que acrescentou que este processo "poderia triplicar sua contribuição ao nível dos oceanos".

Já desde a década de 1970 os cientistas que estudavam as geleiras classificaram como ameaçada a região da Antártida sobre o mar de Admunsen, onde se encontram seis geleiras gigantes: Pine Island, Thwaites, Haynes, Pople, Smith e Kohler.

Todos elas se estendem das montanhas ao mar e os cientistas explicaram que a linha de assentamento - isto é, a área onde a base da geleira toca o solo submarino - esteve retrocedendo de forma rápida nas últimas décadas.

À medida que a água mais temperada se desliza debaixo do manto flutuante de gelo, erode a base da geleira e a linha de assentamento "esteve retrocedendo a uma velocidade que não se vê em nenhuma outra parte da Antártida".

"O gelo que derrete no oceano esteve aumentando continuamente durante mais de 40 anos", acrescentou Rignot, que calculou a contração no caso da geleira Smith em 35 quilômetros, à razão de dois quilômetros por ano.

"Estas geleiras continuarão se derretendo até que desapareçam, e o fato de que as geleiras reagem quase simultaneamente indica uma causa comum", que é o "aumento das temperaturas no oceano", assegurou.

Sridhar Anandakrishnan, professor de Geociências na Universidade da Pensilvânia, disse na mesma teleconferência que "a mudança que está ocorrendo é enorme".

"Está bem claro que o derretimento do manto de gelo terá um papel crescente no aumento dos níveis do mar", comentou. "A situação na Antártida ocidental é particularmente ruim, com uma retirada acelerada da linha de assentamento", concluiu.

 

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