Tecnologia

Obama defende acesso a informações criptografadas em evento

Em evento do setor de tecnologia, Obama tentou convencer plateia a fazer concessões quanto à segurança e privacidade na rede


	Barack Obama no South by Southwest Interactive: “Não podemos ter uma visão absolutista" a respeito da criptografia.
 (Bloomberg)

Barack Obama no South by Southwest Interactive: “Não podemos ter uma visão absolutista" a respeito da criptografia. (Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2016 às 16h19.

Austin (Texas, EUA) — Barack Obama subiu ao palco sem gravata, sorrindo e fazendo piadas sobre os tacos que tinha acabado de comer, antes de falar na abertura do South by Southwest Interactive.

Obama sabia que todo seu charme e carisma seriam necessários no maior evento do setor de tecnologia dos Estados Unidos, afinal de contas um dos assuntos mais quentes no mundo da tecnologia é a disputa entre o FBI e a Apple – a polícia federal americana quer que a empresa mude seu software para ter acesso ao iPhone de um dos suspeitos dos atentados, o que a Apple se recusa a fazer.

Embora tenha tentado apresentar uma posição matizada, Obama na prática defendeu o acesso a informações protegidas por criptografia. “Estamos fetichizando nossos telefones em detrimento de outros valores”, disse Obama.

Obama não se referiu diretamente à queda de braço com a Apple, mas falou em termos genéricos sobre o conflito entre liberdades individuais e segurança nacional.

“Se criarmos um sistema [de segurança] impenetrável, sem chaves, sem portas, como vamos prender [quem distribui] pornografia infantil, como vamos frustrar ataques terroristas? Que mecanismos temos até mesmo para garantir o recolhimento de impostos? Se não há como violar [a criptografia], se o governo não puder entrar, então todo mundo anda por aí com uma conta de banco suíço no bolso, certo? Tem de haver algum tipo de concessão.”

Obama lembrou a platéia do auditório, escolhida por sorteio entre os mais de 35 000 inscritos do evento, que, com mandados judiciais, a polícia pode fazer buscas nas casas de suspeitos e “fuçar na gaveta de roupas íntimas em busca de provas de crimes” e que isso já era permitido muito antes da invenção dos smartphones.

O presidente também fez duas outras ressalvas. Primeiro, afirmou que as denúncias do ex-funcionário terceirizado da Agência de Segurança Nacional Edward Snowden, aumentaram as suspeitas das pessoas, mas que o governo americano sempre teve muito cuidado ao investigar seus próprios cidadãos.

O presidente americano também afirmou que não é engenheiro de software e que o governo está trabalhando com especialistas em busca de uma solução. Obama defendeu a criação de um sistema de criptografia “robusto, que seja acessível para o menor número de pessoas possível para um pequeno número de situações que concordemos que sejam importantes”.

“Não podemos ter uma visão absolutista a esse respeito”, disse Obama. “Se você acredita que a criptografia deva ser robusta [e impenetrável], que podemos e devemos criar caixas-pretas, isso não é o equilíbrio com o qual convivemos há 200 ou 300 anos.”

Mas esse é exatamente o problema: as empresas de tecnologia afirmam que qualquer tipo de “porta de entrada”, mesmo que chave esteja nas mãos de poucas pessoas de confiança, cria brechas de segurança que podem vir a ser exploradas por hackers, governos inimigos. E, é claro, governos amigos.

Acompanhe tudo sobre:Barack ObamaEstados Unidos (EUA)Países ricosPersonalidadesPolíticosPrivacidadeSXSW

Mais de Tecnologia

Fabricante do jogo processa SpaceX de Elon Musk e pede US$ 15 milhões

Gigantes das redes sociais lucram com ampla vigilância dos usuários, aponta FTC

Satélites da SpaceX estão causando interferência nos equipamentos de pesquisadores, diz instituto

Desempenho do iPhone 16 chama atenção e consumidores preferem modelo básico em comparação ao Pro