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Na Califórnia, carros rodam com gordura de restaurante

Califórnia está usando diesel produzido a partir de gorduras e óleos para mover de tudo, de caminhões de bombeiros a veículos de entrega

 (egdigital/Thinkstock)

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Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 24 de outubro de 2017 às 16h32.

Última atualização em 24 de outubro de 2017 às 16h32.

A batalha da Califórnia contra as mudanças climáticas está mais feroz nos restaurantes fast food do que na fábrica de automóveis da Tesla em Fremont, EUA.

Sete anos depois de o Estado Dourado começar a oferecer créditos às produtoras de combustíveis de baixo carbono, cidades e empresas da Califórnia estão usando diesel produzido a partir de gorduras e óleos para mover de tudo, de caminhões de bombeiros a veículos de entrega da United Parcel Service. Agora, o valor desses créditos supera em quatro vezes o dos veículos elétricos e perde apenas para o etanol.

A empresa que mais tem aproveitado a adoção do diesel renovável pela Califórnia tem sede a 9.600 quilômetros de distância, em Helsinque. A empresa Neste começou a enviar navios-petroleiros com o combustível de suas refinarias de Cingapura e da Europa em 2012. Agora, é a maior fornecedora, segundo Ezra Finkin, diretor de políticas do Diesel Technology Forum, um grupo ativista com sede em Frederick, Maryland, EUA.

O mercado “definitivamente está crescendo”, disse Dayne Delahoussaye, chefe de relações públicas da Neste na América do Norte, em entrevista por telefone, de Houston, EUA. “O diesel renovável se tornou muito popular na comunidade de refino por ser uma boa ferramenta para cumprir as obrigações.”

O diesel renovável gerou quase 628.000 toneladas de créditos no quarto trimestre do ano passado, contra cerca de 6.000 em 2011, mostram dados do estado. Os créditos, que eram vendidos ao maior valor em seis meses, de US$ 91,74 por tonelada, no início de outubro, deverão subir porque o estado está acelerando a redução do carbono para atingir o objetivo de reduzir as emissões aos níveis de 30 anos até o fim da década. O preço mais do que dobrará, para US$ 215 até 2019, afirma a Stillwater Associates, empresa de Irvine, Califórnia, em relatório em junho.

As refinarias e outros consumidores dos créditos pagaram quase US$ 650 milhões por eles nos últimos 12 meses, custos que são transferidos para os consumidores na bomba.

Os créditos somarão 15 a 20 centavos de dólar por galão (medida equivalente a 3,78 litros) ao custo do combustível nos próximos dois anos, disse Leigh Noda, associado sênior da Stillwater Associates, em entrevista por telefone. “Em última análise, esses programas são projetados para subsidiar o preço dos fornecedores de biocombustíveis.”

O diesel renovável é feito de materiais orgânicos como plantas e gordura animal, que são processados em refinarias especiais. Ao contrário do biodiesel, o diesel renovável pode ser usado sem mistura devido à sua semelhança com o diesel de petróleo. O biodiesel geralmente pode compor apenas um quinto do combustível misturado sem prejudicar os motores.

Nos últimos anos, cidades americanas como São Francisco, Oakland e San Diego, além do condado de Sacramento, passaram a usar diesel renovável em ônibus, caminhões de bombeiros e outros veículos urbanos. Os ônibus de traslado da Alphabet no Vale do Silício também usam o combustível e a UPS informou dois anos atrás que compraria 174 milhões de litros do combustível para mover sua frota de caminhões de entrega.

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