Começou hoje (16/11) em Tunis, capital da Tunísia, a segunda fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) em que representantes de diversos países discutirão o futuro da governança da internet.

A conferência começou quente. O embaixador David Gross, principal negociador dos Estados Unidos, passou a madrugada de hoje em uma extensa reunião com integrantes da União Européia (UE) para deliberar sobre o controle da infra-estrutura da internet. Hoje, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos controla a Icann, sigla em inglês para Corporação da Internet para Designação de Nomes e Números, entidade que gerencia os domínios da rede. A União Européia quer que os EUA abram mão desse controle.

De acordo com representantes brasileiros presentes na Cúpula, a reunião entre Gross e os membros da UE durou cerca de 11 horas. Ambas as partes cederam um pouco. Os Estados Unidos concordaram em consultar o país envolvido todas as vezes em que um domínio de primeiro nível, como por exemplo o .br ou o .uk, estiver em discussão o que nunca foi feito até hoje. Já a União Européia aparentemente desistiu de fazer os Estados Unidos abrirem mão do monopólio do controle técnico.
Um memorando de entendimentos entre as duas partes deve sair ainda hoje. De acordo com Carlos Afonso, representante brasileiro no grupo de trabalho da ONU e membro do Comitê Gestor da Internet do Brasil, os trabalhos estão evoluindo bem. Segundo Afonso, o porta-voz da União Européia, o britânico Martin Selmayr, afirmou que todos concordaram que nenhum governo deve ter a última palavra sobre os domínios de um outro país, o que é considerado um avanço em relação à postura irredutível dos EUA manifestada nas últimas semanas.

O representante da Anatel no evento, José Alexandre Bicalho, qualificou esse pré-resultado da reunião como "uma grande vitória". Ainda não há uma definição oficial sobre o assunto, visto que a conferência só termina na próxima sexta-feira, dia 18. "No entanto, a Cúpula começou muito bem", afirma Bicalho.