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Musk, MrBeast ou Larry Ellison: quem vai levar o TikTok?

Entre bilionários interessados e preocupações de segurança nacional, o futuro do TikTok nos Estados Unidos permanece incerto

Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 07h30.

Última atualização em 22 de janeiro de 2025 às 08h25.

A novela do TikTok parece estar longe de acabar. Além da possível proibição do aplicativo nos Estados Unidos, surgem agora dúvidas sobre quem deve comprá-lo para que ele continue a funcionar no país.

Uma lei aprovada pelo Congresso em 2024 determinou que a ByteDance, proprietária chinesa do TikTok, deve vender a operação americana para uma empresa localpara garantir que os dados dos usuários estejam protegidos por leis locais. O prazo inicial, dia 19 de janeiro, foi obedecido, mas o aplicativo voltou a funcionar rapidamente por ordem do presidente Donald Trump.

Na segunda-feira, 20, Trump assinou um decreto que adia por 75 dias a proibição do TikTok no país. A medida, que passou a vigorar imediatamente, dá mais tempo à ByteDance, controladora chinesa da rede social, para encontrar uma solução que atenda às preocupações de segurança nacional levantadas pelo governo americano.

Alguns nomes já despontaram como potenciais compradores do app chinês. Entre eles estão os bilionários Elon Musk, CEO da Tesla, SpaceX e X e Larry Ellison, da Oracle, e também o maior youtuber do mundo, Mr. Beast.

Na terça-feira, (21), Trump afirmou que "não veria problema se Musk ou Ellison decidissem comprar a rede social". Trump ainda disse que gosta do TikTok, porque "o aplicativo o ajudou a conquistar eleitores jovens e a vencer a eleição".

Por que os EUA querem banir o TikTok?

O governo dos Estados Unidos argumenta que o TikTok representa um risco significativo à segurança nacional. Entre as principais preocupações estão:

  • Coleta de dados sensíveis: o TikTok armazena informações de milhões de usuários americanos, que, segundo autoridades, poderiam ser acessadas pelo governo chinês.
  • Espionagem e manipulação de conteúdo: há receios de que a China use o aplicativo para espionagem ou para influenciar de forma sutil as informações consumidas pelos americanos, moldando narrativas e opiniões.
  • Leis chinesas de inteligência: a ByteDance está sujeita às normas da China, que exigem cooperação com os serviços de inteligência do país, ampliando os temores de uso político do TikTok.

Quem pode levar o TikTok?

Entre os interessados, nomes de peso já se destacaram:

  • Elon Musk: o homem mais rico do mundo, conhecido por suas aquisições audaciosas, como o X (antigo Twitter), foi mencionado como um possível comprador.
  • Frank McCourt: ex-proprietário do Los Angeles Dodgers, McCourt lidera o grupo "The People's Bid for TikTok", que fez uma oferta formal para adquirir a operação do app.

Até influenciadores de grande alcance expressaram interesse. MrBeast, o YouTuber mais bem pago do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 54 milhões, sugeriu que poderia comprar o TikTok. Ele também revelou ter sido procurado por bilionários interessados na plataforma.

"O aplicativo já voltou a funcionar e conta com 170 milhões de usuários nos Estados Unidos, quase metade da população. Existem várias propostas de empresas americanas interessadas na compra, não faltam opções. A tendência é criar incentivos para reduzir a moderação de conteúdo, evitar a troca de dados com a China e continuar crescendo", afirmou Fabro Steibel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), à EXAME.

Segundo Steibel, "o Project Liberty representaria um uso mais social do aplicativo, priorizando a interação entre os usuários e o bem-estar digital". "O principal entrante seria a Perplexity, concorrente da OpenAI, que busca se posicionar como alternativa tecnológica de destaque", diz Steibel.

Interesse das big techs e startups

Empresas de tecnologia e grupos de investidores também estão na lista de potenciais compradores:

  • Oracle: já mencionada no passado como interessada no TikTok, a empresa mantém o foco em expandir sua atuação no mercado de dados e tecnologia;
  • Microsoft: a gigante da tec​i citada como candidata em negociações anteriores e pode retornar ao jogo;
  • Steven Mnuchin: o ex-secret​souro dos EUA lidera um grupo de investidores dispostos a adquirir o TikTok;
  • Perplexity AI: a startup de inteligêcial surpreendeu ao apresentar uma proposta de fusão com o TikTok nos EUA, buscando inovar no mercado digital.

O desafio da ByteDance

Apesar das ofertas, a controladora do TikTok, tem insistido que não planeja vender a plataforma. Além disso, o algoritmo do TikTok, seu principal ativo, pode ser excluído da negociação devido a restrições impostas pelo governo chinês, tornando a venda ainda mais complexa.

Segundo Dan Ives, analista da Wedbush, o valor do TikTok varia consideravelmente dependendo de incluir ou não seu algoritmo. Com o algoritmo, a plataforma pode valer até US$ 200 bilhões; sem ele, a avaliação cai para cerca de US$ 40 bilhões.

A China já sinalizou que bloqueará a venda do algoritmo, tornando uma versão americana do TikTok menos competitiva e isolada globalmente. E os desafios técnicos para operar o TikTok sem seu algoritmo são enormes. Reconstruir o feed "Para Você" seria complexo, especialmente considerando que outras empresas já tentaram replicar essa tecnologia sem sucesso. Especialistas apontam que uma venda forçada pode levar à criação de uma versão exclusiva do aplicativo para os EUA, desconectada do resto do mundo, reduzindo o alcance e a atratividade global da plataforma.

A venda forçada é vista como mais um capítulo na disputa entre os EUA e a China. A ByteDance, proprietária do TikTok, resiste à venda devido à necessidade de aprovação do governo chinês, que não quer abrir mão de sua influência sobre a plataforma. Esse cenário cria incertezas legais e políticas sobre o futuro do aplicativo nos Estados Unidos.

Por outro lado, questões de segurança nacional continuam no centro das discussões. Especialistas em cibersegurança apontam que o governo dos EUA considera o TikTok uma ameaça devido ao potencial acesso do governo chinês aos dados dos usuários americanos. Mas críticos argumentam que as evidências contra o aplicativo ainda são amplamente teóricas.

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