Mudanças climáticas: espécies da América do Sul, Austrália e Nova Zelândia são as que sofrem os maiores riscos (Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2015 às 20h30.
Oslo - As mudanças climáticas podem levar até um sexto das espécies de animais e plantas da Terra à extinção, a menos que os governos cortem as emissões de gases do efeito estufa, de acordo com um estudo feito nos Estados Unidos e publicado nesta quinta-feira.
As espécies da América do Sul, Austrália e Nova Zelândia são as que sofrem os maiores riscos, já que vivem em áreas menores ou não podem migrar facilmente para se adaptarem às ondas de calor, enchentes e ao aumento nos níveis dos mares, segundo um estudo publicado na revista Science.
O estudo fez a ponderação de 131 pesquisas anteriores sobre mudanças climáticas, cujas projeções para o número de espécies ameaçadas de extinção devido às mudanças climáticas variavam de zero a 54 por cento das espécies existentes no mundo, um intervalo muito amplo para ser útil no planejamento de políticas de preservação.
No geral, o estudo concluiu que uma em cada seis espécies devem ser levadas à extinção se a emissão de gases do efeito estufa não for controlada e as temperaturas subirem 4,7 graus Celsius acima das registradas antes da revolução industrial até 2100, algo que se alinha com um dos cenários considerados no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Talvez o mais surpreendente seja que o risco de extinção não somente aumenta com a elevação da temperatura, mas se acelera", disse à Reuters o autor do estudo, Mark Urban, do Departamento de Biologia Evolucionária da Universidade de Connecticut, nos EUA.
O aumento de temperatura de 0,9 graus Celsius registrado até agora já colocou cerca de 2,8 por cento das espécies do mundo em risco de extinção, concluiu o estudo. Os governos pretendem fechar um acordo durante uma cúpula da ONU em Paris, em dezembro, para limitar as emissões de gases do efeito estufa.
O estudo considerou somente as mudanças climáticas, apenas uma das muitas ameaças que ameaçam a vida selvagem, como poluição, expansão das cidades e perda de florestas para agricultura, que alguns especialistas dizem ter o potencial de provocar a pior onda de extinções desde os dinossauros, há 65 milhões de anos.
Enquanto a perda de habitat e a caça são as principais ameaças atuais, as mudanças climáticas podem se tornar "a causa número um de extinções no médio a longo prazo", disse o diretor-geral do grupo ambientalista WWF, Marco Lambertini, à Reuters.
O especialista da União Internacional para a Conservação da Natureza Jamie Carr disse que o estudo era uma "adivinhação muito bem educada", mas que era impossível isolar o impacto do aquecimento das outras ameaças.
Até agora, ele disse que nenhuma espécie foi levada à extinção unicamente pelas mudanças climáticas.