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Mosquitos podem transmitir zika a ovos e larvas, diz estudo

Esta nova forma de contágio "foi mostrada em nossas experiências de laboratório e supomos que também se dá na natureza"


	Zika: o pesquisador explicou que esta transmissão entre gerações tinha sido observada no passado com outros vírus
 (Nelson Almeida / AFP)

Zika: o pesquisador explicou que esta transmissão entre gerações tinha sido observada no passado com outros vírus (Nelson Almeida / AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2016 às 21h09.

Miami - O mosquito Aedes aegypti também pode transmitir o vírus da zika a seus ovos e larvas, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira no "American Journal of Tropical Medicine and Hygiene" e que pede "reforço" no uso de larvicidas e não só de inseticidas para erradicar a doença.

Esta nova forma de contágio "foi mostrada em nossas experiências de laboratório e supomos que também se dá na natureza", disse à Agência Efe Robert B. Tesh, um dos autores do estudo realizado pela Universidade do Texas, na cidade de Galveston.

O pesquisador explicou que esta transmissão entre gerações, conhecida como "vertical", tinha sido observada no passado com outros vírus transmitidos por mosquitos ou carrapatos, mas até agora não com o da zika.

Tesh afirmou que essa circunstância "torna mais difícil" o controle da zika, que no território continental dos Estados Unidos afetou até o momento pelo menos 2.487 pessoas, segundo os Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), em casos relacionados com viagens ao exterior.

Além disso, foram registrados nos EUA 43 casos de pessoas infectadas por mosquitos nativos, todos eles no sul da Flórida, primeiro estado do país com zika "autóctone".

O médico garantiu que as implicações do descobrimento para o controle do vírus são claras, já que "a fumigação afeta os adultos, mas, no geral, não mata as formas imaturas: os ovos e as larvas".

Tesh lembrou que só a fêmea pica, "já que o macho não tem em sua boca partes que possam penetrar a pele", e o faz para obter do sangue "proteínas e outros nutrientes para desenvolver seus ovos".

A fumigação reduzirá a transmissão, mas pode não eliminar o vírus, de acordo com o estudo, que aponta ainda que, para controlar a zika, também é preciso conhecer o comportamento nos mosquitos.

Os pesquisadores envolvidos disseram que desde que o vírus surgiu como uma emergência sanitária global, a maior parte dos estudos se concentrou no vírus e seus efeitos sobre os humanos, e não no mosquito.

Tesh e outros pesquisadores injetaram o vírus da zika em mosquitos Aedes aegypti criados em laboratório, os alimentaram e, depois de uma semana, estes estavam pondo ovos.

Depois, eles os colheram, incubaram e criaram as larvas até que se transformassem em adultos, dos quais 1 de cada 290 mosquitos analisados tinha presente o vírus da zika.

O pesquisador afirmou que, embora pareça uma proporção baixa, "quando se considera a quantidade destes mosquitos em uma comunidade urbana tropical, provavelmente é suficientemente alta para permitir que o vírus persista, inclusive quando se mata os mosquitos adultos infectados".

As fêmeas adquirem o vírus quando se alimentam de sangue de uma pessoa infectada com zika, explicou Tesh.

Ele também esclareceu que quando uma pessoa (ou macaco) se infecta com o vírus da zika, no geral tem a infecção no sangue durante três a cinco dias.

Se nesse momento uma fêmea Aedes aegypti chupar seu sangue, também ingerirá o vírus.

Depois, o vírus infecta o mosquito, e devem se passar de cinco a sete dias para que este possa ser transmitido por meio de picadas em outra pessoa.

Segundo Tesh, o mosquito continua sendo infeccioso pelo resto de sua vida, que é de poucas semanas.

A esta propagação se somam agora os dados mostrados pelo estudo da Universidade do Texas que determinou que alguns mosquitos fêmea infectados também podem transmitir o vírus através de seus ovos a uma pequena porcentagem de sua descendência.

Os mosquitos passam a seus filhotes outros vírus, como os da dengue e da febre amarela (ambos transmitidos também pelo Aedes aegypti).

O estudo advertiu, além disso, que o mosquito está ampliando seu alcance nos Estados Unidos e é "particularmente abundante" na Flórida, na costa do Golfo do México, no Arizona e na Califórnia.

Stephen Higgs, presidente da Sociedade de Medicina e Higiene Tropical dos EUA, enfatizou a necessidade de que o país estabeleça um "sistema federal de financiamento que elabore planos de ação adequados para responder aos surtos de doenças infecciosas".

Os pesquisadores pedem mais estudos sobre os insetos enquanto, ao mesmo tempo, são ampliados os métodos para a redução da quantidade de mosquitos Aedes aegypti dentro e fora das casas para proteger as pessoas da infecção. 

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