Bitcoin: criado em 2009, bitcoin pode ser trocado online em servidores por dinheiro real ou utilizado para comprar bens e serviços na internet (Flickr.com/zcopley)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2013 às 18h45.
Os defensores do bitcoin desejam que esta moeda virtual deixe de ser associada ao dinheiro do crime organizado, apesar de ter estado no centro de casos de lavagem de dinheiro ou de tráfego de drogas.
O "bitcoin não é um voo mágico para realizar transações ilícitas", afirmou Patrick Murck, representante da Fundação Bitcoin, encarregada de promover esta moeda, durante uma audiência na segunda-feira no Senado dedicada aos riscos e promessas das moedas virtuais.
Criado em 2009, o bitcoin pode ser trocado online em servidores conhecidos como "varejistas de bitcoins" por dinheiro real ou utilizado para comprar bens e serviços na internet. Contudo, não é regulado por nenhum governo.
Esta moeda virtual, pouco conhecida pelo público, monopolizou as notícias há pouco tempo, quando o FBI anunciou o fechamento do Silk Road, um site clandestino em que se podia comprar ou vender droga com bitcoins. A polícia federal norte-americana apreendeu então 26.000 bitcoins equivalentes a 3,6 milhões de dólares nesse momento.
Autoridades governamentais lembraram no Senado que outra moeda virtual, o Liberty Reserve (LR), criada em 2006, foi a ferramenta para realizar a maior lavagem de dinheiro até agora nos Estados Unidos, de 6 bilhões de dólares.
A plataforma de pagamento, que tinha o mesmo nome, permitia enviar sem rastro dinheiro a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, à margem de qualquer legislação.
Ernie Allen, presidente do International Centre for Missing & Exploited Children (Centro Internacional pelo Desaparecimento e Exploração Infantil), uma organização contra a pedofilia, também lembrou que "a pornografia infantil atualmente se cria e se desenvolve usando (...) moedas virtuais".
Calcula-se que há cerca de 1,5 bilhão de dólares em bitcoins circulando de forma virtual no mundo.
"Vigilância"
Contudo, para Murk, o bitcoin vai "mais além do Silk Road". Se as autoridades se mostrarem muito antipáticas com esta moeda virtual, as empresas que as usam nos Estados Unidos podem emigrar "a outros países mais acolhedores", ameaçou o especialista em sua audiência.
"A questão é saber se a economia do bitcoin será integrada aos serviços financeiros norte-americanos e se vai gerar empregos e crescimento (...) ou se a economia do bitcoin emigrará, com os empregos e a inovação que gera", afirmou.
Jeremy Allaire, diretor geral do Circle internet Financial, que oferece produtos financeiros com moeda virtual, denunciou o custo muito elevado das moedas tradicionais.
Embora as virtuais sejam concorrência direta das moedas emitidas pelos bancos centrais, como o dólar, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Ben Bernanke, escreveu no começo de setembro ao Senado que as inovações podem "gerar riscos", mas também podem ser promissoras "a longo prazo" graças a seu sistema de pagamento, "mais rápido, mais seguro e mais eficaz".
Mythili Raman, representante do Departamento de Justiça, prevê um crescimento dessas moedas junto com "um crescimento de transações ilegais", por isso, pediu aos congressistas para ficarem atentos e vigiar.
O Departamento de Segurança Interna, muito mais severo, reconheceu "a necessidade (de ter) uma atitude agressiva" com relação às moedas virtuais.
Este verão, o governo alemão reconheceu o bitcoin como moeda, o que lhe permite taxar as transações realizadas com ela.
O senador Thomas Carper, presidente da comissão de Segurança Interna, manifestou sua esperança de que, no futuro, possam ser aproveitados "os benefícios econômicos" das moedas virtuais, ao mesmo tempo em que "desapareçam seus comportamentos criminosos".