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Ministério também foi alvo de espionagem, diz TV

Fantástico revela que o Ministério de Minas e Energia foi alvo do esquema de espionagem da Agência Nacional de Segurança

espionagem (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2013 às 07h28.

São Paulo - Depois da presidente Dilma Rousseff e da Petrobras, o Fantástico da TV Globo revela que o Ministério de Minas e Energia também foi alvo do esquema de espionagem da NSA, a Agência Nacional de Segurança americana. A denúncia se baseia em documentos entregues por Edward Snowden, ex-analista da NSA, ao jornalista Glenn Greenwald, co-autor da reportagem.

A comunicação de computadores, telefones fixos e celulares do MME foi mapeada pelos Estados Unidos em parceria com a Agência Canadense de Segurança em Comunicação (CSEC). Segundo os documentos obtidos pela reportagem, a operação só detalhava quem falou com quem, quando, onde e como, mas sugeria que o conteúdo das conversas e mensagens seria analisado numa operação posterior.

As informações aparecem em apresentação feita numa conferência, em junho do ano passado, que reuniu analistas de agências de espionagem de cinco países: EUA, Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. O documento mostra o funcionamento de um programa de espionagem chamado Olympia, que teve o Ministério como alvo.

Entre as ligações telefônicas registradas estão contatos com a Organização Latino-Americana de Energia (Olade) e com a embaixada do Brasil no Peru. O sistema é capaz de identificar até os modelos dos aparelhos celulares utilizados e rastreou, por exemplo, ligações do embaixador Paulo Cordeiro, que atuava no Canadá e hoje trabalha no departamento de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores.

Em entrevista ao Fantástico, o ministro Edison Lobão, do Ministério de Minas e Energia, disse que as ações de espionagem são graves e merecem repúdio. Ele destacou o interesse do Canadá no setor mineral brasileiro. "Há muitas empresas canadenses que manifestam interesse no país. Se daí vai o interesse em espionagem pra servir empresarialmente a determinados grupos, eu não posso dizer", afirmou. Segundo a reportagem, de cada quatro grandes empresas de mineração do mundo, três têm sede no Canadá.

Questionado sobre o prejuízo econômico que o sistema de espionagem pode ter causado ao país, Lobão disse que "isso não foi avaliado ainda". Os servidores espionados eram usados para conversas sigilosas com órgãos como a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a Petrobras, a Eletrobrás, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a presidente Dilma Rousseff.

Para Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobras, ouvido pelo programa, as informações podem servir a empresas interessadas em concorrer aos leilões do pré-sal, por exemplo. "Isso pode dar uma vantagem competitiva a quem espiona", afirmou.

A embaixada do Canadá e a NSA não comentaram a reportagem. Em nota, a agência americana diz que os Estados Unidos estão revisando suas ações de inteligência. A CSEC disse que não comenta suas atividades no exterior.

Segundo documentos fornecidos por Snowden, a NSA também espionou a Petrobras. A denúncia foi divulgada no início de setembro pelo próprio Fantástico. De acordo com a reportagem, o nome da estatal brasileira aparecia numa apresentação a novos agentes sobre espionagem a redes privadas de computador.

Os documentos não permitiam determinar desde quando a Petrobras vem sendo espionada ou a que tipo de informação a NSA teve acesso, mas a companhia possui dados sensíveis e valiosos, como os que se referem ao pré-sal. Segundo a reportagem, dependendo das informações acessadas, participantes poderiam ter vantagens na disputa do leilão de exploração do Campo de Libra, na Bacia de Campos, previsto para 21 de outubro. A Petrobras não comentou o assunto.

Depois da denúncia, a NSA enviou uma nota ao programa negando o uso das informações em benefícios de empresas americanas. No texto, a agência disse que a coleta de informações econômicas visa a prevenir crimes financeiros que possam afetar os mercados internacionais.

Dilma - No fim de agosto, o Fantástico havia trazido uma reportagem mostrando que Dilma Rousseff e seus principais assessores foram monitorados pela NSA. Conversas telefônicas e e-mails da presidente brasileira foram interceptados pelo órgão americano.

A reportagem teve acesso a uma espécie de apresentação feita para o público interno da NSA que trata de dois "estudos de caso": a presidente Dilma e o atual presidente do México, Enrique Peña Nieto, quando ainda era candidato. Não ficou claro se o esquema está ativo, se a interceptação foi feita exclusivamente por meio de redes de comunicação ou se houve espiões no Brasil ou em embaixadas.

A revelação gerou uma crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos. Dilma pediu explicações do governo de Barack Obama e decidiu cancelar sua viagem oficial aos Estados Unidos, marcada para o dia 23 de outubro. Na avaliação da presidente, as respostas dadas até agora pelos Estados Unidos sobre os vazamentos do ex-técnico da NSA Edward Snowden não foram satisfatórias.

No último dia 24, durante a abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente brasileira denunciou o caso como uma violação dos direitos humanos e um desrespeito à soberania do País.

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