A Microsoft anunciou, para o início do segundo semestre, o lançamento das versões finais de seus produtos com o novo conceito "Live", que traz mudanças significativas no modelo de negócios da empresa. A principal delas é que parte do software passa a ser custeado por anúncios, com as funcionalidades básicas sendo oferecidas gratuitamente ao usuário, aliadas a assinaturas de serviços online.

"Esse é o novo modelo de negócios, com assinaturas de serviços e publicidade", afirma Kevin Johnson, co-presidente da divisão de Plataformas e Serviços da Microsoft, que esteve no Brasil nesta semana, em sua visita anual ao país. "Estamos nos movendo muito agressivamente do antigo modelo para o novo."

Isso não quer dizer que a Microsoft está abandonando seu core business, ou seja, a venda de software. "A indústria de software continua crescendo. A indústria de publicidade apenas traz uma nova oportunidade para nós", diz Johnson. O mercado avalia que o software deve movimentar 131 bilhões de dólares neste ano, enquanto a publicidade deve chegar a 520 bilhões. A Microsoft acredita que, em dois anos, a fatia desse bolo vinculada a software e mídias online chegue a 35 bilhões de dólares.

O preço da publicidade online no mundo e particularmente no Brasil é um obstáculo para a popularização desse tipo de iniciativa. "Eu tenho certeza que a publicidade online está muito barata", afirma Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor da MSN Brasil e América do Sul. Ele justifica seu raciocínio nos números de seus produtos: somente o MSN Messenger, o comunicador instantâneo da empresa, tem 18 milhões de usuários ativos no Brasil. Desse total, 35% usa o produto diariamente - e portanto está exposto às campanhas publicitárias. "Se você compara com os maiores jornais, que têm tiragem de 350 mil exemplares, há espaço e a tendência de crescimento nos valores", diz.

"Nós estamos indo com a companhia para esse modelo de software mais serviços, criando uma experiência contínua e transparente: estamos indo além do software", afirma o co-presidente. Essa é, aliás, outra característica dos produtos "Live": uma integração profunda entre programas instalados na máquina do usuário com serviços que funcionam na internet, de maneira que muitas vezes o usuário nem perceberá a diferença.

Integração entre software e internet não chega a ser uma novidade: Google, AOL, a própria Microsoft, entre outros, já praticam isso há anos. O que muda agora é a profundidade e a transparência dessa integração diante de iniciativas anteriores da empresa.

Outra característica-chave dos produtos "Live" é que permitirão que qualquer pessoa desenvolva módulos para ampliar seus recursos baseados em suas necessidades. Com isso, seria possível acrescentar novos recursos personalizados ao editor de textos Microsoft Word, por exemplo.