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Microsoft gasta US$ 300 milhões por ano com pesquisa quântica

Por 20 anos, o braço de pesquisa chamado Station Q tem tentado construir um computador quântico com uma abordagem mais arriscada do que concorrentes, mas ainda não obteve sucesso

Ramana Rech
Ramana Rech

Redatora

Publicado em 17 de março de 2025 às 14h41.

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A Microsoft não está poupando esforço em sua pesquisa quântica. O braço da empresa tem um orçamento próximo de US$ 300 milhões por ano, segundo informações do Wall Street Journal. Mas a aposta em computadores de ultra capacidade é algo com pouco retorno até o momento.

A companhia tem tentando construir um computador quântico há 20 anos, com equipe composta por químicos, engenheiros e matemáticos e liderada pelo professor de física Chetan Nayak.

Chamado Station Q, o grupo tem uma abordagem ousada e mais arriscada do que as empregadas por rivais, como o Google. Nayak descreve a pesquisa com quantum do grupo como progresso incremental pontuado por momentos de eureka.

Os computadores quânticos oferecem como vantagem utilizar o qubit, que consegue ir além da binariedade de ser ou zero ou um, como no caso dos bits de computadores tradicionais. Os qubits podem existir nos dois estados ao mesmo tempo, o que impulsiona a performance das máquinas.

O desafio dos computadores quânticos está em sua confiabilidade. Mesmo os pequenos distúrbios podem fazer com que os qubits cometam erros em cadeia. A equipe de Nayak tenta resolver o problema com um material chamado supercondutor topológico, ou topocondutor.

Em fevereiro, a Microsoft apresentou o Majorana 1, seu primeiro processador quântico a partir do topocondutor, que torna os qubits mais rápidos, confiáveis e menores. O Majorana 1 tem potencial para comportar até um milhão de qubits em um único chip.

Partícula Majorana

No topocondutor, um único elétron está espalhado por um fio minúsculo e resfriado próximo do zero absoluto. Espalhar o elétron faria com que surgisse uma partícula Majorana, que tem propriedades usadas para formar um qubit. Em um artigo publicado na revista Nature, a Microsoft disse que havia identificado uma partícula do tipo e calculado a informação contida nela. Agora, Niyak quer focar em tornar os qubits mais confiáveis e adicionar mais ao chip.

Mas há cientistas que discordam do achado e dizem que a Majorana observada é uma miragem, diz o The Wal Street Journal. Um dos críticos é o pesquisador de quântica da Universidade de Pittsburgh, Sergey Frolov, que apontou para discrepâncias nos dados publicados e o que iria mudar materialmente com o resultado declarado pela empresa. Ele defende que Nayak está executando um projeto “fraudulento” na Microsoft.

Em 2021, dois artigos publicados na Nature parcialmente financiados pela Microsoft sobre partículas Majoranas foram retirados por questões relacionadas à validade da pesquisa. Executivos da Microsoft disseram que a pesquisa não foi realizada pela Station Q, e sim por um laboratório holandês com o qual a empresa tem relações.

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