Pedido da Microsoft surge em meio a uma corrente de críticas direcionadas às empresas de tecnologia, como Amazon e Google (Stephen Lam/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de julho de 2018 às 16h42.
Na semana passada, a Microsoft tornou-se a primeira gigante de tecnologia a pedir uma regulamentação específica para a tecnologia de reconhecimento facial.
No blog da empresa, o presidente e diretor jurídico global, Brad Smith, assinou um texto com o requerimento, dizendo que "um mundo com uma regulação ativa dos produtos que são úteis mas potencialmente problemáticos é melhor do que um mundo desprovido de padrões legais".
Hoje, a Microsoft tem uma tecnologia própria de reconhecimento facial e um de seus clientes é o aplicativo de carona Uber, que verifica a identidade de motoristas pelas fotos tiradas usando a câmera do smartphone. "É uma tecnologia que pode catalogar suas fotos e reunir famílias, mas também ser utilizada e abusada por empresas e autoridades", disse Smith.
"A única forma de regular esse uso é pedir para o governo fazê-lo", declarou o executivo, que pediu que uma comissão bipartidária e de especialistas seja formada no Congresso americano para discutir o tema.
Para o executivo, permitir que as empresas criem suas próprias regras não fará a tecnologia passar por um escrutínio público necessário. Segundo ele, a Microsoft já recusou diversos negócios que poderiam gerar riscos "aos direitos humanos."
O pedido de Smith surge em meio a uma corrente de críticas direcionadas às empresas de tecnologia, como Amazon e Google, que fazem parcerias com governos para sistemas de reconhecimento - parte delas vem até mesmo de seus próprios funcionários.
Para a União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), a carta de Smith é um chamado urgente para que o Congresso preste atenção e ponha freios na tecnologia. Há, no entanto, quem duvide que a empresa esteja falando sério: em entrevista ao jornal The Washington Post, o diretor do Centro de Estudos de Privacidade e Tecnologia de Georgetown, Alvaro Bedoya, disse que a grande questão é "saber como a Microsoft vai se comportar quando uma legislação como essas for de fato discutida e negociada".