Mesmo lançado há um ano e meio, analistas estimam que as vendas do Vision Pro nos EUA estão bem abaixo do primeiro milhão (Meta/Divulgação)
Redator
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 09h16.
A Meta planeja lançar em setembro os óculos inteligentes “Hypernova”, por cerca de US$ 800, como resposta à lentidão da Apple em consolidar o Vision Pro. A empresa de Mark Zuckerberg pretende ocupar o espaço deixado pela concorrente com um modelo mais leve, acessível e integrado a funcionalidades de inteligência artificial.
O movimento reforça a aposta de que óculos com IA, voltados a tarefas cotidianas e realidade aumentada — podem ser mais atraentes ao consumidor médio do que dispositivos premium. Com isso, a Meta deve colocar pressão num setor ainda incipiente, onde o alto custo e a falta de funcionalidades relevantes limitaram a adesão.
Lançado há um ano e meio, o Vision Pro enfrenta uma série de entraves para ganhar tração. O headset de realidade mista da Apple custa US$ 3.499 (quase R$ 19 mil) nos Estados Unidos, o que o mantém fora do alcance da maioria. Outros fatores como o peso, o processo de configuração e a escassez de aplicativos também afetam a experiência — embora com impacto menor.
Segundo o analista Mark Gurman, bem menos de 1 milhão de unidades foram vendidas desde o lançamento, número considerado abaixo do esperado para os padrões da Apple. A empresa tenta responder com melhorias no sistema, como o novo visionOS 26, e estímulo à criação de novos apps por desenvolvedores.
Durante a última teleconferência de resultados, o CEO Tim Cook respondeu de forma pouco enfática ao ser questionado sobre o produto, destacando apenas atualizações no software. Atualizações significativas de hardware estão previstas apenas para 2027, com uma versão mais leve e barata.
A grande crítica de especialistas ao Vision Pro é sua baixa utilidade prática. Para a maioria dos consumidores, o produto é visto como dispensável, e ainda por cima caro. A promessa de experiências únicas, como fotos em 3D, monitores virtuais e conteúdo imersivo, esbarra na limitação do catálogo atual, com poucos episódios, eventos antigos e pouca atualização.
Enquanto isso, concorrentes como a Meta investem em um portfólio mais funcional. O Hypernova deve ampliar a linha da empresa, que já inclui modelos como o Ray-Ban Meta, voltado para comandos por voz e conexão com IA. O foco passa a ser utilidade no cotidiano — como comandos inteligentes e tradução simultânea — mais do que imersão visual total.
A comparação inevitável no setor é com o “Momento BlackBerry”, referência à queda da fabricante canadense que liderou o mercado de smartphones até ser ultrapassada pelo iPhone. A analogia aponta para o risco que a Apple corre ao manter um produto caro e pouco relevante enquanto rivais aceleram com inovações mais acessíveis.
Se a Meta conseguir entregar um produto funcional, leve e integrado à IA por um quinto do preço do Vision Pro, pode capturar boa parte de um mercado ainda em formação. Para a Apple, o desafio passa a ser não apenas melhorar seu headset, mas manter a relevância diante de uma mudança de paradigma.