Zuckerberg quer que Wang lidere um novo laboratório de IA dentro da Meta (Candid With Index/Reprodução)
Repórter
Publicado em 13 de junho de 2025 às 06h00.
Pouca gente conhece Alexandr Wang, mas isso deve mudar em breve. Aos 28 anos, o fundador da Scale AI está prestes a se tornar o nome por trás de um dos maiores investimentos já feitos pela Meta: a empresa de Mark Zuckerberg, dona de Facebook, WhatsApp e Instagram, estaria negociando a compra de 49% da Scale por US$ 15 bilhões — o que avalia a companhia em cerca de US$ 30 bilhões, o dobro de sua última avaliação.
Scale AI fornece dados para treinar modelos de inteligência artificial e já trabalha com líderes do setor como a própria Meta e a OpenAI. O investimento, ainda não confirmado oficialmente, é visto por analistas como uma forma de garantir o controle sobre um parceiro estratégico — mas, na prática, o que Zuckerberg estaria comprando é o próprio Wang e sua equipe mais próxima, segundo reportagem do Business Insider.
“É uma acquihire caríssima do Alexandr Wang”, escreveu o analista Ben Thompson, refletindo a percepção predominante no setor. O termo se refere a aquisições em que o principal ativo é o talento humano, e não necessariamente os produtos ou tecnologias da empresa comprada.
Esse tipo de operação foi comum no Vale do Silício até ser freado por regulações antitruste nos Estados Unidos. Mas com a corrida por talentos em IA, os acordos voltaram a crescer — e com cifras bilionárias. Em 2023, a Microsoft pagou US$ 650 milhões à Inflection AI, num acordo que, embora descrito como licenciamento, foi interpretado como uma forma de contratar o fundador Mustafa Suleyman. O Google seguiu o mesmo caminho ao pagar US$ 2,7 bilhões pela Character.AI, com o objetivo de atrair o fundador Noam Shazeer.
Agora, Zuckerberg parece querer repetir a fórmula em escala ainda maior. Segundo reportagens, ele planeja que Wang lidere um novo laboratório de IA dentro da Meta, reunindo alguns dos principais pesquisadores do setor, de acordo com o BI.
Há quem argumente que os US$ 15 bilhões não caracterizam uma acquihire tradicional, já que parte do valor seria um adiantamento por serviços futuros da Scale. Mas, para muitos no setor, o objetivo real é garantir a presença de Wang no time — assim como a Apple fez ao comprar a Beats por US$ 3 bilhões, mais interessada na influência de Jimmy Iovine do que nos fones de ouvido.
Curiosamente, Wang não é um cientista de IA de renome. Segundo o Financial Times, ele é visto como um executivo com perfil técnico, mais habilidoso em promover a empresa do que em liderar pesquisas ou gerenciar equipes. Ainda assim, Zuckerberg parece convencido de que ele pode ser peça-chave na estratégia da Meta nesse futuro envolvendo IA.
O histórico, no entanto, traz alertas. Os fundadores do Instagram e do WhatsApp deixaram a Meta após vendas bilionárias. Mike Krieger, cofundador do Instagram, atua como diretor de produto da Anthropic — uma concorrente direta da Meta em IA.
Por outro lado, poucas empresas têm fôlego financeiro para gastar bilhões em contratações estratégicas. E se Zuckerberg estiver certo ao apostar que o futuro da tecnologia passa pela inteligência artificial, o investimento pode se justificar no longo prazo.
Jony Ive, conhecido por sua longa trajetória como designer na Apple, está prestes a entrar para a lista dos bilionários da Forbes após a aquisição da sua startup de hardware de inteligência artificial, a io, pela OpenAI. O negócio foi fechado em ações e avaliado em US$ 6,5 bilhões, o que deve ampliar significativamente o patrimônio do designer nos próximos anos.
Segundo estimativas da Forbes, Ive possui aproximadamente 11% da io e deve receber uma participação em ações da OpenAI avaliada em cerca de US$ 715 milhões.
A liberação completa dessas ações está prevista para ocorrer ao longo de vários anos. O acordo ainda precisa passar por aprovação regulatória.