Redatora
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 05h01.
A Meta está sendo acusada de inflar em quase 20% o desempenho de anúncios e de ignorar deliberadamente regras de privacidade da Apple para aumentar receitas, segundo alegações apresentadas ao Tribunal de Trabalho do Centro de Londres por um ex-gerente de produto.
A plataforma é acusada de enganar anunciantes sobre os “Shops Ads” — anúncios lançados em 2022 para marcas com lojas digitais no Facebook e Instagram —, usando números de vendas brutas em vez de líquidas, sem informar as empresas sobre a diferença, de acordo com o Financial Times.
O ex-gerente de produto da Meta, Samujjal Purkayastha, afirmou que o método usado para medir o desempenho dos “Shops Ads” era diferente do aplicado a anúncios sem relação com vendas, que geralmente descontava frete e impostos, seguindo também padrões adotados por concorrentes como o Google.
Purkayastha explicou que a Meta tinha conhecimento dessa diferença, mas não comunicou às marcas, e acrescentou que uma apuração interna indicou que os resultados estavam inflados entre 17% e 19%.
De acordo com documentos apresentados pelo executivo, a bigtech teria associado de forma oculta dados de usuários a outras informações para monitorar sua atividade em sites externos, mesmo após a Apple implementar, em 2021, regras que exigiam consentimento explícito.
Segundo Purkayastha, a empresa teria incentivado o uso dos Shops Ads para coletar mais dados, enquanto grande parte dos usuários da Apple não permitiu o rastreamento.
O ex-CFO David Wehner estimou que a mudança afetaria US$ 10 bilhões nas receitas da Meta em 2022. Purkayastha afirmou que métricas infladas e a falta de transparência sobre subsídios — incluindo US$ 160 milhões autorizados por Mark Zuckerberg para anúncios gratuitos em testes — distorceram ainda mais os resultados.
A Meta já enfrenta críticas sobre métricas de publicidade, incluindo a do tipo Alcance Potencial, acusada de inflar artificialmente o tamanho do público estimado para anunciantes. Purkayastha foi demitido junto de 5% da força de trabalho da empresa sob justificativa de desempenho e outros fatores.
O caso deve seguir para uma audiência completa no próximo ano, quando serão analisadas as alegações de demissão injusta e práticas de publicidade da Meta. O juiz trabalhista Timothy Adkin indicou que o pedido de tutela provisória não prosseguiria, citando que a demissão poderia ter motivos pessoais ou outros fatores externos.
A Meta respondeu às alegações afirmando ao FT que não houve retaliação e classificou as questões levantadas como “questões comerciais de rotina”, sem indícios de irregularidade.