Bill Gates: envolvido em trabalhos filantrópicos desde 2000, Gates se mostrou muito satisfeito com a colaboração que mantém com a Fundação Carlos Slim (REUTERS/Henry Romero)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 07h12.
Texcoco - O magnata e filantropo americano Bill Gates afirmou nesta quarta-feira que o caminho para o desenvolvimento da América Latina passa por "ter um melhor sistema de educação pública", área que quer ajudar a desenvolver ao lado de diferentes parceiros através de sua fundação.
"Nos encantaria trabalhar com outros filantropos na região", disse Gates em entrevista à Agência Efe após inaugurar na cidade mexicana de Texcoco as novas instalações do Centro Internacional de Melhoramento do Milho e do Trigo (CIMMYT), dedicado a pesquisa de produtividade agrícola desde 1966.
O fundador da Microsoft explicou que nos países da América Latina "há algumas boas universidades mas, na média, a educação pública não é o que deveria ser, particularmente na comparação com o Sudeste Asiático".
Perante o desafio de mudar isso, o também co-fundador da Fundação Bill e Melinda Gates lembrou que "até mesmo países da Ásia com níveis de riqueza inferiores (aos latino-americanos) fazem um melhor trabalho na educação".
"Nossa instituição foca em educação nos Estados Unidos e esperamos que algumas lições sobre avaliação dos professores e a forma como ajudá-los a crescer, como utilizar a tecnologia, (...) sejam levadas a nível global", apontou.
Além disso, considerou importante que os Governos desses países ajam para sanar problemas na área da saúde e erradicar a desnutrição, o que pode prejudicar o "desenvolvimento cerebral" das crianças e impedi-las de "alcançar seu potencial máximo".
No entanto, Bill Gates comentou que alguns países, como Costa Rica, México, Brasil e Chile, "fizeram boas coisas e parece que estão chegando ao ponto em que se olham" mutuamente em busca de conhecer e colocar em prática as políticas públicas de desenvolvimento que funcionaram melhor nos outros.
Sendo uma região de países de indicadores econômicos medianos, em geral, o futuro é promissor, avaliou.
Envolvido em trabalhos filantrópicos desde 2000, Gates se mostrou muito satisfeito com a colaboração que mantém com a Fundação Carlos Slim, empresário mexicano que é a única pessoa no mundo com uma fortuna maior do que a sua.
Ambos trabalham desde 2010 na Iniciativa Mesoamericana de Saúde, mas o magnata americano, à frente da maior fundação privada do mundo, com fundos de US$ 30 bilhões, está disposto a associar-se a outros filantropos privados da região.
A história do empresário americano é peculiar. Do êxito da Microsoft, transformada em uma das empresas de referência em tecnologia da informação no planeta, passou a aplicar "mais de 95%" da sua fortuna em filantropia.
A grande pergunta que ele e sua mulher, Melinda, se fizeram foi se queriam gastar esse dinheiro com eles mesmos ou deixá-los para seus filhos. Como não estavam satisfeitos com nenhuma dessas opções, optaram por devolvê-lo à sociedade, contou.
"Foi uma viagem emocionante juntos, na qual aprendemos sobre saúde, agricultura e educação. Nos envolvemos muito pessoalmente nesses temas tentando encontrar os inovadores, que é a melhor forma de alcançar os resultados", expressou Gates.
"Um grande marco para nós foi quando nosso amigo Warren Buffet decidiu nos dar a grande maioria da sua fortuna para a fundação. Isso quase duplicou a escala do trabalho que podíamos fazer. Foi muito emocionante e fizemos o melhor que pudemos para corresponder à confiança que ele colocou em nós", acrescentou.
Agora Gates gostaria de ver mais magnatas latino-americanos e de outras regiões do mundo destinando o seu dinheiro a projetos de desenvolvimento, o que ele acredita que eventualmente sucederá.
Ele mesmo promove o Giving Pledge ("promessa de dar"), uma opção pela qual os milionários doam metade de suas fortunas à filantropia.
"Com o tempo, acho que a filantropia aumentará em todas as partes, e certamente compartilho a minha positiva experiência", previu. EFE