(Lucas Agrela/Site Exame)
AFP
Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 14h56.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2019 às 14h57.
Criticadas pela falta de inovação nos últimos anos, as fabricantes de smartphones estão contra-atacando com seus primeiros dispositivos com telas dobráveis, mas analistas alertam que a tecnologia ainda é rudimentar e cara para o público em geral.
A Samsung, líder mundial nas vendas de smartphones, lançou na quarta-feira um telefone dobrável, que alcança o tamanho de um tablet, em um evento em San Francisco, tornando-se a primeira fabricante a oferecer esta aguardada tecnologia.
A gigante chinesa Huawei, segundo lugar em vendas de aparelhos, não ficou atrás e revelou neste domingo seu próprio telefone com tela dobrável, o Mate X, em um evento em Barcelona, onde teve início, nesta segunda, o Congresso Mundial do Celular (MWC, na sigla em inglês).
O Mate X será posto à venda em meados deste ano, a partir de 2.600 dólares, enquanto o Galaxy Fold da Samsung poderá ser adquirido por 1.980 dólares.
Em ambos eventos, foram ouvidos suspiros quando os preços foram anunciados.
A fabricante chinesa Xiaomi e a sul-coreana LG, entre outros, dizem estar trabalhando em seu próprios smartphones com telas dobráveis.
Estes aparatos representam a mudança mais radical na forma dos smartphones desde que, em 2007, Steve Jobs apresentou o iPhone: um retângulo negro com uma única tela tátil.
As fabricantes esperam que esta inovação estimule as vendas de smartphones, que caíram 4,1%, a 1,4 bilhão de unidades, em 2018, num momento em que as pessoas demoram mais tempo para substituir os seus aparelhos devido às escassas inovações, segundo o gabinete de análise IDC.
Ben Wood, analista da consultoria de tecnologia CCS Insight, desinfla um pouco essas expectativas, considerando que por enquanto o apetite para telefones com flip será limitado para os fanáticos pelos modelos mais recentes.
"Por enquanto, parece uma solução para um problema inexistente, e a maioria dos consumidores acha que é muito caro - é um produto que ainda está em estágio inicial", diz Wood. "Acho que estamos na Idade da Pedra do aparato flexível".
A CCS Insight prevê que os telefones dobráveis continuarão sendo um produto de nicho até 2022. Além de seu alto preço, esses dispositivos têm outros problemas a serem superados, como pouca visibilidade em dias ensolarados ou sua estrutura volumosa, necessária para proteger a tela flexível.
Muitos analistas também perguntam sobre a resistência dos telefones, uma vez que as áreas de dobra geralmente causam problemas em dispositivos eletrônicos ao longo do tempo.
"Até agora, a tendência tem sido garantir um design que evite os elementos mecânicos em um 'smartphone', para torná-los mais duráveis", diz Ian Fogg, analista sênior da OpenSignal, empresa que coleta e analisa informações de redes móveis.
Tanto a Samsung quanto a Huawei afirmam que seus "smartphones" podem suportar o desgaste de dobrar mais de 100.000 vezes. Outra questão é saber se eles vão funcionar tão bem dobrados quanto abertos.
A empresa de análise Strategy Analystics prevê vendas mundiais de apenas 1,2 milhão de telefones dobráveis este ano, um número que pode chegar a 64,9 milhões de dispositivos até 2023 - cifra que ainda representa apenas 3,5% das vendas totais de smartphones neste ano.