Tecnologia

Maioria dos antidepressivos é ineficaz em crianças

A maioria dos remédios antidepressivos é ineficaz em crianças e adolescentes que sofrem de depressão grave, podendo apresentar perigo

Depressão: maioria dos antidepressivos não funciona para crianças e adolescentes, e alguns podem até ser perigosos (ThinkStock)

Depressão: maioria dos antidepressivos não funciona para crianças e adolescentes, e alguns podem até ser perigosos (ThinkStock)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2016 às 06h49.

A maioria dos remédios antidepressivos é ineficaz em crianças e adolescentes que sofrem de depressão grave, podendo ser, eventualmente, até perigoso, aponta um amplo estudo publicado nesta quinta-feira no periódico médico britânico The Lancet.

Realizado por um grupo internacional de pesquisadores, o estudo revê 34 testes em mais de 5.000 crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 18 anos, envolvendo 14 antidepressivos.

Apenas um desses medicamentos, a fluoxetina - comercializada principalmente como Prozac -, mostrou-se mais eficaz do que um placebo para tratar dos sintomas de uma depressão.

A fluoxetina também é mais bem tolerada do que os demais antidepressivos.

No sentido contrário, a nortriptilina foi considerada a menos eficaz dos 14 antidepressivos estudados, e a imipramina, a menos tolerada. Já a venlafaxina está associada a um risco crescente de pensamentos suicidas.

Os pesquisadores reconhecem, porém, que a verdadeira eficácia e os riscos de efeitos colaterais indesejáveis graves desses medicamentos continuam no campo do desconhecido, devido à fragilidade dos testes clínicos existentes.

É o caso, sobretudo, dos pensamentos e comportamentos suicidas ligados aos antidepressivos.

Em um comentário agregado ao estudo, o pesquisador australiano Jon Jureidini destaca que, no que diz respeito à paroxetina, eles atingem 10% em uma nova análise de dados, contra 3% em estudos já publicados.

Segundo estimativas citadas pelo estudo, 2,8% das crianças entre 6 e 12 anos e 5,6% dos adolescentes sofrem de problemas depressivos graves nos países desenvolvidos. Esse número pode estar subestimado, levando-se em conta a dificuldade de diagnosticar a patologia.

Esses sintomas são diferentes dos observados nos adultos e incluem, em especial, irritabilidade, não querer ir à escola, ou comportamento agressivo.

Em relação aos antidepressivos - que também podem causar, além das ideias suicidas, dor de cabeça, náusea e insônia -, sua prescrição continua a aumentar, ainda que a maioria dos países ocidentais recomende, a partir de agora, que sejam reservados às depressões mais graves e após o fracasso das psicoterapias.

"Os antidepressivos não parecem oferecer um benefício claro nas crianças e nos adolescentes", concluem os autores do estudo, que acrescentam que "a fluoxetina é, provavelmente, a melhor opção quando o tratamento medicamentoso é indicado".

Vários especialistas comemoraram os resultados do estudo, que fortalecem as recomendações de países como a França, ou a Grã-Bretanha, no que diz respeito à prescrição de antidepressivos às crianças e aos adolescentes.

O primeiro tratamento das depressões em ambos os grupos deve continuar sendo "a abordagem psicológica, ou relacional", que é "mais eficaz no longo prazo", disse à AFP o vice-presidente da Sociedade Francesa de Psiquiatria da Criança e do Adolescente, Daniel Marcelli, que participou da elaboração das recomendações francesas.

"Estamos de acordo com as conclusões dos autores, que consideram que os antidepressivos devem ser utilizados de forma sensata e acompanhados de perto", declarou a psiquiatra britânica, Bernadka Dubicka.

Acompanhe tudo sobre:CriançasDepressãoDoenças

Mais de Tecnologia

X dá início a plano de vender nomes de usuários inativos como nova fonte de receita

Amazon testa ferramenta que usa IA para permitir compras em lojas de terceiros dentro de seu app

Amazon lança ferramenta no Kindle que ajuda leitores a relembrar de livros anteriores de séries

Exclusivo: Apple avalia expandir montagem de iPhones no Brasil para driblar tarifas de Trump