Tecnologia

Livros digitais começam a ganhar espaço no Brasil

Embora procura por ebooks ainda seja baixa, segmento cresce e recebe investimento de livrarias e editoras

Processo de adaptação para novas plataformas ainda levará algum tempo (.)

Processo de adaptação para novas plataformas ainda levará algum tempo (.)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2010 às 17h41.

São Paulo - Ainda que timidamente, os livros digitais começam a ganhar espaço no Brasil. O cenário ainda difere bastante do observado em países como Estados Unidos - onde os ebooks já representam cerca de 4% do mercado de livros -, mas algumas iniciativas implantadas nos últimos meses dão sinais de que para se tornarem habituais entre brasileiros, os livros digitais só precisam de tempo.

Em março, a Livraria Cultura, uma das maiores do ramo no país, começou a comercializar livros também no formato eletrônico por meio de sua loja virtual. Na Livraria Saraiva, os ebooks entraram no catálogo no dia 10 de junho. Ambas as empresas disponibilizam as obras em arquivos PDF, que mantém as características das publicações impressas, ou ePub, mais adequado para leitura em e-readers ou tablets por apresentar conteúdo redimensionável.

Sergio Herz, diretor de operações da Cultura, e Marcílio Pousada, diretor presidente da Saraiva, concordam que um dos maiores desafio para a popularização do livro digital é a escassez de acervo no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos a Amazon disponibiliza quase de 2,5 milhões de obras digitais entre gratuitas e pagas, no Brasil, o número de títulos em português adaptados para o formato eletrônico não passa de dois mil. Assim, dos 160 mil livros digitais do acervo da Saraiva, 158 mil são importados, em inglês. Na Cultura, não é diferente: são 110 mil títulos em idioma estrangeiro e perto de mil traduzidos.

As listas de ebooks mais procurados, por enquanto, não obedecem um perfil específico. "Temos de livros técnicos a literatura. Os mais baixados na Saraiva são os gratuitos: 'O que a vida me ensinou'; 'Emagraça sem fome'; 'Almanaque do Pensamento 2010' e 'O Retrato de Dorian Gray'", diz Pousada. Herz, da Cultura, explica que, neste primeiro momento, quem baixa livros digitais não são os apaixonados por literatura, mas os chamados "early adopters" - aqueles aficionados de tecnologia que procuram ser os primeiros a ter acesso a novos produtos. > 


Por enquanto, a maior parte dos leitores consome os ebooks em computadores, já que os e-readers ainda são pouco comuns por aqui. "A adoção de uma nova tecnologia sempre demanda um tempo de adaptação", diz o diretor da Cultura. "É preciso lembra que e-readers, diferente dos livros de papel, precisarão de assistência técnica, por exemplo", exemplifica.

Perspectivas

Dessa forma, não é para já o momento em que o Brasil terá um mercado consolidado de livros digitais. No primeiro mês de oferta de ebooks na Saraiva, foram baixados seis mil obras, cerca de 200 por dia. No mesmo período, a empresa vendeu um milhão de títulos impressos. "Por enquanto não é nada significativo, mas fazemos isso para estarmos prontos para atender nossos clientes em qualquer lugar que queiram ler", diz Pousada. Mas será que investir já neste momento vale a pena? Os empresários garantem que sim, já que há uma boa perspectiva de crescimento do setor.

Na Livraria Cultura, em junho, foram vendidas em média 80 obras digitais por dia, segundo Herz. Embora bastante pequeno, o número já representa aumento de 100% em relação ao mês anterior. "Não começamos com nenhuma expectativa, já que é um mercado totalmente novo. A ideia mesmo foi fazer um teste, para ver o que o consumidor está querendo", explica Herz. Ele estima que até o segundo semestre de 2011, a leitura de ebooks no Brasil deve começar a se tornar habitual para um determinado grupo de leitores. >


A previsão ganha argumentos com iniciativas como a Distribuidora de Livros Digitais (DLD), lançada no início de junho por sete editoras brasileiras - Moderna, Objetiva, Planeta, Record, Rocco, Salamandra e Sextante. A ideia é que a DLD funcione como uma plataforma para armazenar digitalmente os livros de editoras e comercializá-los para livrarias, minimizando o problema da falta de acervo mencionada por Herz e Pousada. A editoras anunciaram, na ocasião da apresentação da DLD, que esperam oferecer até o fim do ano 500 novos títulos digitais. A partir de 2011, a empresa pretende incluir mensalmente uma média de 300 novos ebooks ao acervo.

Ao mesmo tempo, as grandes livrarias negociam com fabricantes de e-readers a possibilidade de comercializar os gadgets em suas lojas físicas, de modo a impulsionar a adoção da tecnologia por parte dos leitores. "Vamos ter erros e acertos ao longo dessa adaptação. Risco de os ebooks não vingarem não existe", afirma Herz.

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