Prédio do GCHQ: o órgão espionou até autoridades de países aliados dos ingleses (UK Ministry of Defence)
Maurício Grego
Publicado em 17 de junho de 2013 às 11h31.
São Paulo — Políticos que estiveram nas duas conferências de cúpula G20 realizadas em Londres em 2009 tiveram seus telefonemas interceptados e foram até enganados por meio de cibercafés preparados pelo serviço secreto britânico para espioná-los.
A informação está em documentos sigilosos entregues por Edward Snowden ao jornal britânico Guardian. Snowden teria obtido os documentos enquanto trabalhava para a Agência de Segurança Nacional americana (NSA).
Há dez dias, ele já havia revelado detalhes sobre o PRISM, sistema usado pela NSA para interceptar comunicações nos Estados Unidos. Mas, apesar de suspeitas de espionagem em conferências de cúpula já terem sido levantadas no passado, a história sobre o G20 surpreende.
O G20 reúne autoridades da área econômica de 20 países, incluindo o Brasil. Os documentos obtidos pelo Guardian apontam eles tiveram suas ligações telefônicas e o acesso à internet interceptados em Londres.
A GCHQ, equivalente britânica da NSA e da brasileira ABIN, chegou a montar cibercafés onde as autoridades presentes na conferência tinham suas atividades monitoradas por registradores de digitação (keyloggers) e um sistema de interceptação de e-mail.
Os arapongas ingleses também sabiam, em tempo real, quem estava telefonando ou enviando mensagens para quem. Os documentos citam Turquia e África do Sul como alvos da espionagem e mencionam uma tentativa de decifrar um telefonema criptografado do líder russo Dmitry Medvedev.
As informações vazadas por Snowden podem produzir tensão entre a Inglaterra e os demais países do G20. A próxima conferência do grupo está marcada para setembro em São Petersburgo, na Rússia. Não se sabe se haverá um esquema de espionagem lá. Mas programas de criptografia certamente estarão na bagagem dos participantes.