Libra: moeda pretende ser a primeira moeda digital privada do mundo (Dado Ruvic/Ilustração/Foto de arquivo/Reuters)
Thiago Lavado
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 19h58.
O evento Future of Money, promovido pela EXAME para discutir inovação financeira e o futuro do dinheiro contou nesta terça-feira (17) com a participação de Dante Disparte, diretor de comunicação e política pública da Libra Association, um consórcio de empresas e membros que planeja gerir e criar a Libra, moeda digital apoiada e financiada amplamente pelo Facebook, uma rede social com mais de 2 bilhões de usuários no mundo todo.
A Libra pretende ser a primeira moeda digital privada do mundo e a Libra Association atuaria como se fosse um banco central privado — , o que representa um novo paradigma no mercado financeiro.
Disparte afirmou em conversa com a EXAME que os esforços da empresa aceleraram as conversas sobre futuro do dinheiro, mas lançou uma provocação: "é realmente seu dinheiro se você tem que pedir permissão para enviá-lo e pagar para protegê-lo?".
De acordo com o executivo, a Associação Libra se propôs a um desafio de tentar promover inclusão financeira ao redor do mundo utilizando uma abordagem de código aberta, baseada em tecnologia.
"A tecnologia existe para viabilizar esse empoderamento e uma grande parte dessa tecnologia é disponível como código aberto no open source. As coalizações, como o projeto Libra, que é um esforço coletivo de empresas globais como junto com o crescente reconhecimento do setor público de que chegou a hora dessas inovações no Future of Money, inclusive por meio de parcerias público-privadas", afirmou. "Mais de 80% dos bancos centrais do mundo estão analisando os riscos e as oportunidades das moedas digitais.
Disparte falou ainda sobre o papel do Facebook, o principal fiador do projeto da moeda, ainda em 2018. O executivo reiterou que o Facebook é um membro importante do projeto e da origem da Libra, mas afirmou que a organização é composta de 27 organizações e que o Facebook detém o mesmo direito de voto que outros membros.
A Associação funciona no formato de consórcio, em que todos os 27 membros têm algumas obrigações conjuntas. A primeira é rodar um nó da blockchain que irá funcionar como o mecanismo de validação da moeda. A segunda é contribuir com a governança do projeto, e o terceiro é auxiliar a avançar a pauta da inclusão financeira global ao mesmo tempo em que, de maneira responsável, fomenta inovações em serviços financeiros.
"Essa não é apenas uma prioridade do setor privado, mas diversos agentes públicos estão trabalhando em prol de inovar nesse assunto", disse Disparte, que afirmou que a associação está em um momento de entender e conceber um formato regulatório correto para o projeto, reiterando a importância de colaboração, em formato de consórcios, de entes públicos e privados.
Quando questionado sobre quando a Libra será lançada, Disparte respondeu que aguarda um modelo de supervisão regulatória forte como uma pré-condição para o lançamento do projeto. "Deixe-me garantir: a rede será lançada quando tivermos o regime regulatório correto. Temos três prioridades: a tecnologia tem que estar pronta, a organização tem que estar pronta e temos que ter um regime regulatório bem estabelecido", disse.
Na própria definição no whitepaper lançado pelo Facebook, a Libra é uma moeda digital global simples e uma infraestrutura financeira que empodera bilhões de pessoas e possui 3 conceitos fundamentais que juntos vão criar um sistema financeiro mais inclusivo, de acordo com a empresa:
Além disso, a Libra se utiliza do mecanismo de consenso LibraBFT. A programação do Smart Contract é feita com a linguagem de programação “Move”, que também vamos detalhar mais abaixo.
O intuito dessa moeda é oferecer a oportunidade para que os usuários possam comprar produtos/serviços ou enviar dinheiro para outros usuários com tarifas quase a zero, dentro dos aplicativos do Facebook, ou em outros aplicativos dos membros da rede, que podem ser parte da Libra Association.
A Libra pretende ser aceita em diversos locais físicos também, além do mundo digital. E ao contrário da maioria das criptomoedas, a Libra é totalmente lastreada por uma reserva de ativos reais.