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Lenovo ganha força no mercado brasileiro de smartphones

Companhia tem ganhado força no mercado brasileiro de celulares inteligentes após a compra da Motorola


	Homem segura Moto E: compra da Motorola fez a Lenovo crescer nos mercados emergentes
 (Divulgação/Motorola)

Homem segura Moto E: compra da Motorola fez a Lenovo crescer nos mercados emergentes (Divulgação/Motorola)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2014 às 18h04.

Rio de Janeiro - A Lenovo tem ganhado força no mercado brasileiro de celulares inteligentes após a compra da Motorola, e especialistas preveem que outras fabricantes chinesas de aparelhos devem desembarcar no país em 2015, em estratégia que pode compensar em parte a desaceleração dos mercados europeu e norte-americano.

A compra da Motorola concluída em 30 de outubro fez a Lenovo crescer nos mercados emergentes, principalmente no Brasil, disse o analista da consultoria IDC Reinaldo Sakis.

Para ele, isso deve fazer com que outras chinesas tragam lançamentos ao Brasil no ano que vem.

A desaceleração dos mercados europeu e norte-americano também contribui para que as fabricantes chinesas procurem países emergentes onde o crescimento é maior.

"Os lançamentos devem vir no início do ano. Há varejistas comentando que já compraram (smartphones) das chinesas", declarou.

A Lenovo, que inicialmente tinha mais força no Brasil em PCs e tablets, passou a ter fatia adicional de 7 por cento do mercado nacional de smartphones, herdada da Motorola, segundo dados de terceiro trimestre da empresa de pesquisa em tecnologia Gartner.

A chinesa diz estar no início de sua trajetória de ascensão no país, disse o diretor-executivo de marketing para a América Latina da Lenovo, Humberto de Biasi.

A companhia também atua no Brasil com a marca CCE, de smartphones de entrada, mais baratos.

"A Lenovo decidiu não iniciar a venda de celulares Lenovo no Brasil", disse Biasi, explicando que o avanço no país se dará por meio da Motorola.

"Os resultados recentes mostram que a Motorola pode ser motor de crescimento significativo para a Lenovo, tanto em produtos como em resultados", afirmou.

Em janeiro, a Lenovo anunciou a compra da divisão de dispositivos móveis Motorola do Google por 2,91 bilhões de dólares, no que foi o maior negócio de tecnologia chinês de todos os tempos.

"Posso dizer que nossa participação de mercado vem crescendo de maneira robusta, mas não é com CCE que vamos ter crescimento, vai ser com a Motorola", declarou Biasi.

"O Brasil é sem dúvida um dos mercados prioritários."

A tendência de avanço de empresas chinesas no mercado de smartphones da América Latina também é apontada por Tuong Nguyen, analista da Gartner. Ele lembra que a Lenovo ainda é nova no país.

"A fatia da Motorola tem se reduzido nos últimos anos. Quando foi comprada pelo Google, começou a se voltar para os smartphones, isso fez com que ficasse ainda mais difícil para eles na América Latina e no Brasil, porque inicialmente esses produtos eram caros", disse o analista.

"Recentemente, porém, eles introduziram a linha Motorola G que é mais barata. Isso ajudou a marca a ganhar um pouco de mercado. Poderá haver mais oportunidades para a Lenovo/Motorola no futuro caso sejam capazes de fornecer smartphones mais baratos para competir com outras fabricantes", completou Nguyen.

Segundo Julio Cesar Trajano, diretor comercial do Magazine Luiza, o Moto G já pode ser considerado um fenômeno de vendas. "O Moto G renasceu, é o produto mais vendido no Brasil há mais de cinco meses, tomando muito forte o espaço que era da Samsung", declarou.

Trajano acrescentou que a rede de varejo ainda não tem novos acordos fechados com fabricantes chineses de celulares, mas disse que poderá haver novidades no ano que vem.

Atualmente, a empresa já vende aparelhos de Motorola, TCL Communication (que atua com a marca Alcatel) e ZTE.

Preparando Entrada

Há ainda outras chinesas de olho no mercado brasileiro, como a Xiaomi, terceira maior fabricante de smartphones do mundo.

A empresa abriu este ano escritório em São Paulo, porém, até agora não teve modelos homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A chinesa contratou no ano passado o brasileiro Hugo Barra, ex-vice presidente da divisão Android do Google, para liderar sua expansão global.

"Um provável motivo para essa demora (da chegada da Xiaomi ao Brasil) é o fato de que precisam fechar parceria com varejistas para entrar no país", disse Sakis, do IDC, lembrando que o varejo já ultrapassou as operadoras de telefonia como principal canal de venda de smartphones no mercado brasileiro.

Procurada, a Xiaomi não respondeu a pedidos de entrevista. Outra chinesa que em breve poderá entrar na América Latina é a Oppo Electronics, segundo Nguyen, da Gartner.

A empresa chegou ao mercado de smartphones em 2008 e em 2012 anunciou o que então foi considerado o telefone mais fino do mundo. Procurada, a companhia disse que, no momento, não há planos de entrar no Brasil.

Mercado

Segundo números do terceiro trimestre da Gartner, a sul-coreana Samsung Electronics tem 42,3 por cento do mercado brasileiro de smartphones, frente a 22,1 por cento da também coreana LG Electronics, 7 por cento da Nokia e 4,9 por cento da Apple.

Entre as chinesas, a Huawei está com 3,6 por cento, TCL Communication (que atua com a marca Alcatel) tem 0,8 por cento, mesma porcentagem da ZTE Corporation, segundo a Gartner.

No mundo, de acordo com dados da IDC citados pela consultoria brasileira Teleco, a Samsung lidera com 23,8 por cento, seguida pela Apple, com 12 por cento no terceiro trimestre.

A Xiaomi aparece em terceiro, com 5,3 por cento. A Huawei não informou os números do terceiro trimestre, e a Lenovo aparece com 5,2 por cento.

"As chinesas estão ganhando mercado no mundo", disse Nguyen, da Gartner. "A razão disso é que na América Latina, em países como Brasil e México, muitos consumidores estão migrando para smartphones. E as marcas chinesas são mais baratas", declarou.

"O Brasil é mais forte para os chineses, porque smartphones no país tendem a ser mais caros do que em outros países como Colômbia, por exemplo", disse o especialista.

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