Da esquerda para a direita, Gabriel Polverelli, Bruno Feigelson, Cadu Lacerda, João Cantuária e Felipe Feigelson, os sócios fundadores da Sem Processo: tecnologia para facilitar acordos judiciais (Sem Processo/Divulgação)
Filipe Serrano
Publicado em 5 de agosto de 2020 às 07h36.
A startup Sem Processo, do Rio de Janeiro, é a mais nova aposta do fundo de investimentos Primatec, focado em empresas de tecnologia e inovação. A startup que atua no setor jurídico acaba de receber um aporte do fundo que hoje tem 100 milhões de reais em administração na carteira.
Com o novo investimento, a Sem Processo se torna a mais recente startup a crescer no segmento das “lawtechs”, como são chamadas as empresas de tecnologia que desenvolvem soluções para facilitar o trabalho de advogados e o andamento de ações judiciais. O valor do investimento não foi revelado.
Fundada em 2016 pelo advogado Bruno Feigelson e outros quatro sócios, a Sem Processo desenvolveu um sistema digital que tem como objetivo resolver uma grande dor de cabeça de empresas que lidam com grandes volumes de ações.
Por meio da plataforma, os advogados de duas ou mais partes podem negociar um acordo legal e evitar que a ação tenha de ir à Justiça. A ideia é agilizar a realização de acordos e desafogar a quantidade de processos que passam pelos departamentos jurídicos das empresas. Segundo Feigelson, cerca de 20.000 casos são processados na plataforma todo mês. Em 2019, os acordos realizados por meio da plataforma somam um valor de cerca de 5 bilhões de reais.
Por volta de 200 empresas hoje utilizam o sistema da startup, de acordo com o fundador. Entre elas estão companhias do setor bancário, de telecomunicações, companhias aéreas, seguradores, empresas de bens de consumo, entre outras. A maior parte das ações envolve consumidores e as empresas prestadoras de serviço, mas também são negociados acordos de ações trabalhistas e processos imobiliários entre inquilinos e proprietários de imóveis.
A startup cobra uma taxa de 500 reais a cada acordo fechado por meio da plataforma, valor que pode ser reduzido dependendo do volume de processos.
Segundo Feigelson, a pandemia acabou acelerando a adoção da ferramenta, uma vez que as empresas e advogados têm preferido evitar o contato físico na hora de negociar. A expectativa é de um crescimento de 200% no faturamento em 2020, em relação ao ano passado.
“Com o impulso da digitalização, muitas empresas que a gente estava prospectando há bastante tempo acabaram entendendo a urgência do serviço nesse momento”, diz Feigelson, que também é presidente da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L).
Além de Bruno Feigelson, os demais sócios fundadores são Cadu Lacerda, Gabriel Polverelli, Felipe Feigelson e João Oliveira.
O investimento na Sem Processo é o primeiro aporte do fundo Primatec no setor jurídico. Para Thiago Brandão, gerente da gestora financeira Antera, responsável pela administração do Primatec, o que levou o fundo a decidir entrar no segmento das “lawtechs” é a expectativa de uma maior digitalização do setor jurídico e também o tamanho do mercado no Brasil.
“Diversos setores passaram por uma digitalização e estão colhendo resultados muito bons. A gente acredita que isso tem acendido uma luz no mercado jurídico, que agora deve se digitalizar mais”, afirma.
O fundo, que foi criado em 2015 com recursos da agência de fomento à inovação Finep e de bancos públicos, entre eles o BNDES, tem o objetivo de investir 80 milhões de reais em empresas de tecnologia, ligadas a parques tecnológicos e universidades. Ao todo, 50 milhões de reais já foram alocados, em 13 startups, que atuam em diversos segmentos.
Além da Sem Processo, também já fazem parte do portfólio do Primatec as startups 2iM, Autaza, Databot, FullFace, GoEpik, Mogai, Olho do Dono, Myleus, RockHead, Target, Tecsus e Vidya.