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Kazaa e eMule: o que aconteceu com os apps que revolucionaram downloads e consumo digital no Brasil

Nos anos 2000, programas peer-to-peer revolucionaram o consumo de conteúdo digital, impulsionando a pirataria e a transição para o streaming legal

Ao contrário do Kazaa, eMule segue online e disponível para download (Reprodução)

Ao contrário do Kazaa, eMule segue online e disponível para download (Reprodução)

Publicado em 29 de julho de 2025 às 10h41.

Entre a popularização dos serviços de streaming e a era dos suportes físicos (disquetes, CDs e DVDs), está a ascensão da internet e a disseminação dos computadores pessoais (PCs). Essas duas novidades foram responsáveis por mudarem hábitos de consumo de conteúdo e facilitarem o compartilhamento de arquivos entre os usuários.

No início dos anos 2000, os programas de computador Kazaa e eMule ganharam enorme popularidade no Brasil, permitindo que usuários baixassem músicas, filmes e outros conteúdos via redes peer-to-peer (P2P). Com isso, eles desempenharam um papel importante na mudança do comportamento de consumo digital antes do domínio do streaming.

O que foi e o que aconteceu com o Kazaa?

Lançado em 2001, o Kazaa rapidamente substituiu o Napster, permitindo que milhões de brasileiros baixassem músicas em MP3 e outros formatos. Sua interface simples e a capacidade de realizar downloads simultâneos atraíram um grande número de usuários – mesmo sendo útil para arquivos pequenos, ele tinha muitas músicas corrompidas.

No entanto, a plataforma foi constantemente alvo de ações judiciais das indústrias de música e cinema por pirataria, além de ser associada ao aumento de problemas com spywares e adwares, os quais afetam a privacidade e a performance dos dispositivos.

Em 2006, o Kazaa foi obrigado a pagar US$ 100 milhões (na época, cerca de R$ 220 milhões) à indústria fonográfica em um acordo para legalizar sua plataforma, mas continuou a sofrer com questões técnicas e legais, incluindo a quebra de sua criptografia pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA).

Em 2011, a plataforma tentou se reinventar com um app para dispositivos móveis, mas foi superada pelo torrent, que permite a fragmentação de um arquivo para baixá-lo mais rapidamente a partir de diferentes origens, e pelos serviços de streaming, inclusive o gratuito YouTube. O Kazaa foi encerrado em 2012.

E o eMule?

Lançado em 2002, o eMule representou uma evolução em relação ao Kazaa. Utilizando a rede eDonkey 2000 – no lugar da FastTrack –, o programa se destacou por ter código aberto, oferecer maior diversidade de arquivos e um sistema de créditos para incentivar o compartilhamento.

Muito popular entre a comunidade hispânica (seu nome, por exemplo, vem da tradução do inglês “donkey” para o espanhol “mula”), a plataforma permitia a busca de arquivos mais específicos e era especialmente útil para conteúdos de maior tamanho, como filmes e jogos. Embora o eMule tenha mantido um público fiel por muito tempo, ele também enfrentou questões legais relacionadas à pirataria.

Cerca de 10 anos após sua última atualização, realizada em 2010, desenvolvedores independentes lançaram uma versão beta, em 2020, para torná-lo mais seguro e estável, incluindo suporte a conexões HTTPS e notificações por e-mail. Ao contrário do Kazaa, o eMule segue online e disponível para download no site oficial do projeto.

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