Celular: na comparação com os adolescentes que não tinham praticado sexting com um parceiro, esses adolescentes experimentaram quatro vezes mais violência física (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2016 às 22h32.
Adolescentes que trocam mensagens digitais com conteúdo sexual, uma prática conhecida como "sexting", são mais propensos a sofrer violência nas relações amorosas, revelou um estudo nesta sexta-feira.
Em uma pesquisa com mais de 1.000 jovens de 14 a 17 anos de idade na Noruega, 549 relataram já terem tido um parceiro romântico.
Quase um terço dos jovens amantes disseram ter enviado mensagens sexuais explícitas - imagens e/ou texto - para seus namorados (as).
Em comparação com os adolescentes que não tinham praticado sexting com um parceiro, esses adolescentes experimentaram quatro vezes mais violência física - tapas, empurrões, estrangulamento ou espancamento com um objeto duro, descobriram os pesquisadores.
Eles sofreram 2,5 vezes mais abusos sexuais, que vão desde beijo forçado a estupro, e 3,5 vezes mais violência psicológica.
As descobertas foram publicadas na revista científica Scandinavian Journal of Public Health.
Para os adolescentes, "há uma maior chance de se tornar vítima de violência por um parceiro íntimo se você enviar mensagens com conteúdo sexual", disse o autor do estudo Per Hellevik, sociólogo do Centro Norueguês para o Estudo da violência e do Estresse Traumático, em Oslo.
Mais de 40% dos jovens com interesses amorosos - que não necessariamente incluíam sexo -, tanto os que praticavam sexting quanto os que não praticavam, disseram que eles tinham experimentado algum tipo de violência no relacionamento.
As meninas eram muito mais expostas à violência do que os rapazes, mostrou o estudo, principalmente aquelas que tinham parceiros mais velhos.
Os adolescentes de ambos os sexos foram questionados sobre como se sentiram quando sofreram violência em um relacionamento. As respostas variavam desde "triste" e "assustado" até "amado" e "desejado".
Em comparação com os meninos, o dobro de meninas expressaram sentimentos negativos sobre a violência.
No outro extremo, "1% das garotas e 35% dos rapazes tiveram experiências puramente positivas", disse Hellevik em um comunicado.
O estudo não concluiu que o sexting causa violência, observando que as crianças que vivenciam brigas ou brutalidade em casa ou na escola são propensas a um comportamento semelhante com os seus parceiros íntimos.
Em outras palavras, o sexting pode ser tanto um sintoma como uma causa.
As descobertas levantam questões controversas sobre quando os pais e os professores devem interferir na vida digital privada dos jovens.
"Nós não deixaríamos os adolescentes passando o tempo nas ruas durante o dia todo sem saber o que eles estão fazendo ou com quem eles estão", disse Hellevik.
"Da mesma forma, eles não deveriam ser autorizados a passar o tempo on-line por conta própria", concluiu.