Hackers: Desde a pandemia hackers dedicam mais tempo a bug bounty (EThamPhoto/Getty Images)
AFP
Publicado em 18 de julho de 2021 às 19h42.
Última atualização em 18 de julho de 2021 às 19h52.
Ativistas, jornalistas e políticos de todo o mundo foram alvo de espionagem por meio de um malware para celulares desenvolvido por uma empresa privada de Israel, segundo informações divulgadas pela imprensa neste domingo, gerando o temor de violações generalizadas contra a privacidade e os direitos.
O uso do software, chamado Pegasus e desenvolvido pelo grupo NSO, de Israel, foi relatado em reportagens de vários veículos de comunicação mundiais, incluindo "The Washington Post", "The Guardian" e "Le Monde", que colaboraram na investigação de um vazamento de informações. Trata-se do vazamento de uma lista de até 50.000 números de telefone que acredita-se terem sido identificados como pertencentes a pessoas de interesse por clientes da NSO desde 2016, segundo os relatórios.
Nem todos esses números foram hackeados posteriormente, e os veículos que tiveram acesso ao vazamento informaram que irão divulgar nos próximos dias detalhes sobre quem foi comprometido. A lista inclui números de telefone de jornalistas de veículos de todo o mundo, como AFP, "The Wall Street Journal", CNN, "The New York Times", Al-Jazeera, France 24, Radio Free Europe, Mediapart, "El País", Associated Press, "Le Monde", Bloomberg, "The Economist", Reuters e Voice of America, informou o The Guardian.
O uso do software para hackear telefones dos repórteres da Al-Jazeera e de um jornalista marroquino havia sido relatado anteriormente pelo Citizen Lab, centro de pesquisas da Universidade de Toronto, e pela Anistia Internacional.
Também estão listados dois números pertencentes a mulheres próximas do jornalista saudita Jamal Khashoggi, morto por um esquadrão saudita em 2018. Também inclui o número de um jornalista independente mexicano que foi assassinado posteriormente em um lava-jato. Seu telefone nunca foi encontrado e não está claro se ele foi hackeado.
O Washington Post informou que também há números de chefes de Estado e governo, membros de famílias reais árabes, diplomatas e políticos, bem como ativistas e executivos de empresas. A lista não identifica os clientes do NSO, mas os relatórios indicam que muitos deles estavam concentrados em 10 países: Azerbaijão, Barein, Hungria, Índia, Cazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita e Emirados Árabes.
Segundo o Guardian, a investigação sugere um "abuso generalizado e contínuo" do Pegasus, que, segundo o NSO, tem como objetivo o uso contra criminosos e terroristas. A Anistia Internacional e a Forbidden Stories, organização de mídia sem fins lucrativos com sede em Paris, inicialmente tiveram acesso ao vazamento, e o compartilharam com a imprensa.
O NSO, líder da indústria de softwares espiões privados, em grande parte não regulada, já se viu comprometida com a polícia por abusar de seus programas de informática. O grupo considerou as acusações exageradas e infundadas, de acordo com o Washington Post, embora não tenha confirmado a identidade de seus clientes.