Glenn Greenwald (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2014 às 13h58.
Muita gente nunca mais escreveu um e-mail com a mesma sensação de segurança e privacidade desde as revelações bombásticas de Edward Snowden, o ex-prestador de serviços da NSA transformado em fugitivo do governo americano. Mas ele não teria conseguido divulgar os documentos secretos sem o auxílio do jornalista americano Glenn Greenwald, que estará presente na Festa Literária de Paraty, a Flip, para divulgar seu novo livro, No Place to Hide (Nenhum Lugar para se Esconder, em tradução livre). Sediada na cidade litorânea do Rio de Janeiro, a feira é um dos principais eventos culturais do país e acontece de 30 de julho a 3 de agosto.
A obra contará as dificuldades em realizar o trabalho que abalou o governo dos Estados Unidos, além de relatar como Greenwald estabeleceu os primeiros contatos com Snowden. O trabalho do americano rendeu o Prêmio Pulitzer ao Guardian, periódico britânico que publicou a série de reportagens sobre a espionagem. A condecoração é a mais respeitada honraria do jornalismo.
Greenwald, que atualmente vive no Rio de Janeiro, não passou impune à pressão do governo americano para conter o vazamento de informações. Enquanto Snowden buscava asilo político na Rússia, em agosto de 2013, o brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista, foi detido em um aeroporto de Londres sob a lei de terrorismo.
Em entrevista recente ao Guardian, Greenwald disse que Snowden prestou apoio ao jornalista assim que soube da detenção de Miranda. Após nove horas de retenção, o brasileiro foi liberado sem nenhuma acusação, mas teve seus equipamentos eletrônicos confiscados.
As denúncias sobre o programa de espionagem dos Estados Unidos abalaram a imagem do país perante à comunidade internacional. Nem mesmo a presidente Dilma Rousseff escapou dos olhos digitais da NSA: documentos indicavam que e-mails e telefonemas de Dilma foram grampeados, assim como as comunicações de ministros e diretores de empresas estratégicas para o país, como a Petrobras.
A revelação do caso gerou um mal estar entre os dois países. Em setembro do ano passado, em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente brasileira afirmou que a espionagem dos Estados Unidos representava uma violação à soberania nacional e um desrespeito aos direitos humanos. Dilma também cancelou uma viagem diplomática a Washington, em resposta às denúncias publicadas por Greenwald.