iPhone: modelo foi lançado num momento em que o mercado estava dominado pelos telefones com teclado Blackberry (Apple/Divulgação)
AFP
Publicado em 9 de janeiro de 2017 às 11h28.
Última atualização em 9 de janeiro de 2017 às 14h38.
Há dez anos nasceu o iPhone, um aparelho emblemático que revolucionou a indústria dos telefones celulares e mudou costumes, mas sua criadora, Apple, continua sob pressão para voltar a apresentar uma grande novidade.
O iPhone foi apresentado ao grande público no dia 9 de janeiro de 2007 por Steve Jobs, visionário fundador da Apple, falecido em 2011, e muito poucas vezes um aparelho revolucionou tanto os costumes como este pequeno acessório com tela tátil, lançado num momento em que o mercado estava dominado pelos telefones com teclado Blackberry.
O mais inesperado do iPhone foi como permitiu o desenvolvimento de uma série de aplicativos que atualmente permitem tuitar, enviar mensagens instantâneas por Snapchat, jogar Pokemon Go ou transmitir vídeos ao vivo.
"A Apple permitiu o desenvolvimento destes aplicativos, que transferiram toda uma plataforma informática móvel aos bolsos" das pessoas, explicou Brian Blau, analista da empresa especializada Gartner, no salão da eletrônica para o grande público (CES) em Las Vegas, que terminou no domingo.
"Hoje é difícil criar um produto eletrônico para o grande público sem conexão" à internet, acrescentou.
Os smartphones desempenham inclusive um grande papel nos acessórios de realidade virtual, que estão cada vez mais na moda: conectados aos fones de ouvido, servem de tela para explorar uma série de reinos virtuais.
A Apple não esteve presente no salão CES, mas sua sombra e seu poder criativo pairaram sobre várias mostras: de carros equipados com sistemas de "infotainment" (info-entretenimento) sincronizados com os iPhones, até redes que, graças a aplicativos especializados, controlam à distância múltiplos parâmetros nas casas (temperatura, alarmes), sem esquecer dos smartphones da concorrência que reproduzem muitas funcionalidades do iPhone.
"O iPhone mudou o mundo porque hoje a informática móvel faz parte da vida cotidiana das pessoas", disse Blau.
De certa forma, este telefone foi a semente ao redor da qual a indústria da eletrônica dirigida ao grande público cresceu e se proliferou, indicou Maxwell Ramsey, do site de informação especializada em telefonia móvel phoneArena.com.
"O que fez é bastante notável. Sempre estamos navegando nesta onda nascida em 2007, não há nenhuma dúvida", estimou.
Colocar a internet no bolso dos consumidores ou em tablets mudou profundamente a forma de ver um filme, se informar, socializar ou trabalhar. "Revolucionou a orientação da indústria", disse Ramsey, embora "também tenha destruído muitas empresas e mudado a paisagem".
O iPhone em suas múltiplas versões foi uma enorme fonte de receitas para a Apple mas, pela primeira vez, as vendas começaram a declinar no ano passado em um mercado cada vez mais saturado e hipercompetitivo.
O diretor-executivo da famosa marca da maçã, Tim Cook, e outros responsáveis viram seus salários diminuírem porque os objetivos internos não foram alcançados, indicou um documento enviado aos reguladores americanos na sexta-feira.
Com as vendas de iPhone em queda, os lucros registrados pela Apple no terceiro trimestre diminuíram, mas as receitas derivadas dos serviços geram otimismo no âmbito dos esforços da marca para mitigar sua dependência do iPhone.
O gigante do Vale do Silício pretende, de fato, diversificar suas fontes de renda graças aos aplicativos e serviços. Neste contexto, a "loja de aplicativos", a Apple Store, registrou o melhor dia de sua história em vendas on-line no Ano Novo, encerrando uma temporada de Natal particularmente frutífera.
Segundo a companhia, desde o lançamento da Apple Store, em 2008, os desenvolvedores faturaram mais de 60 bilhões de dólares graças a aplicativos criados sob medida para os aparelhos da Apple.
No entanto, a empresa californiana segue sob pressão para que lance o próximo objeto revolucionário, e muitos temem que, desde a morte de Steve Jobs, em 2011, tenha perdido seu poder criativo.
Entre os projetos em andamento se encontra um automóvel autônomo.
"Acredito que voltarão a lançar algo grande", disse Brian Blau. "Mas o futuro da empresa repousará sobre inovações mais modestas, e não há nenhuma vergonha nisso", declarou.