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Ipad continuará líder, diz analista

Analista diz que vai ainda vai demorar para que o gadget da Apple enfrente ameaça séria por parte da concorrência

Novo iPad: Apple deve vender 87 milhões de unidades do equipamento em 2012 (Kevork Djansezian/Getty Images)

Novo iPad: Apple deve vender 87 milhões de unidades do equipamento em 2012 (Kevork Djansezian/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2012 às 11h00.

São Paulo - Se nos smartphones, o Android conseguiu virar o jogo e bater o iPhone, o mesmo não deve acontecer tão breve com o iPad.

Apresentado na última quarta-feira (07), o novo tablet da Apple conta com processador A5X, que possui quatro núcleos de processamento gráfico; tela retina com resolução de 2.048 x 1.536 pixels; câmera de 5 MP, equipada com a tecnologia iSight Câmera (que permite autofoco e estabilização das imagens); e capacidade de navegar por meio de redes 4G.

Somados, esses atributos - mais o design do produto e sua parcela de mercado já conquistada - são suficientes para fazer Tim Cook repousar tranquilo sua cabeça no travesseiro.

Somente no último trimestre de 2011, a Apple vendeu 15 milhões de iPads. Para comparação, o Google informou, durante a última Mobile World Conference, realizada no mês passado, que foram vendidos 12 milhões de tablets com Android - a maioria da Samsung – durante todo o ano de 2011.

Segundo o IDC, em 2012, 87 milhões de iPads devem ser vendidos em todo o mundo. Veja abaixo as considerações do analista Luciano Crippa sobre o novo iPad, o mercado de tablets e as projeções para o Brasil.

1 – Os novos recursos do iPad, como a tela Retina, o processador A5X com quatro núcleos gráficos e a capacidade de se conectar à redes 4G são suficientes para provocar uma busca imediata pelo aparelho assim como aconteceu com o iPad 2?

Eu acho que no mercado externo, sim. Os lançamentos da Apple sempre funcionam muito bem. Existe um movimento de renovação, até porque o custo do dispositivo continua sendo acessível. Mesmo em tempos de crise, o gadget continua sendo desejado pelos consumidores. Já no Brasil, os impactos desse novo iPad também serão sentidos mas de outra forma. Nós esperamos uma queda no preço do iPad 2 enquanto não chega o novo iPad. Isso deve acontecer até como preparação para os novos modelos, que devem chegar em dois meses, no máximo.


2 – A Apple acertou em manter os preços dos modelos ou deveria baixá-los a fim de evitar uma ascensão dos tablets com Android?

Ela não tem necessidade de baixar os preços, pelo menos por enquanto. Se olharmos os números do mercado americano entre o primeiro e o terceiro trimestre, em termos de unidade, a Apple ficou com 56% do total de vendas. Claro que ela perdeu mercado para a Barnes&Noble, dona do Nook, perdeu mercado para a Amazon, dona do Kindle Fire, e para outras, mas continua muito forte. Então, ela não tem motivo para baixar os preços, o que é uma posição louvável, já que agregando mais tecnologia ao aparelho ao mesmo tempo em que mantém o preço que vinha praticando em versões anteriores. O que ela irá fazer é reduzir o preço do iPad 2, como já anunciou nos Estados Unidos (o preço do gadget caiu cem dólares por lá).

3 – O oposto deve acontecer então: os concorrentes que terão de baixar o preço de seus produtos?

Exatamente. A Apple é quem dita as regras nesse jogo. Produtos similares e competidores irão continuar aparecendo com aplicações muito próximas, mas o grande diferencial da Apple é o ecossistema e a integração que ela promove entre seus dispositivos. Quem continuar concorrendo com preço igual, provavelmente vai continuar perdendo.

4 – No mês passado, durante o Mobile World Conference, tanto o Google quanto a Samsung reconheceram que estão perdendo a batalha para o iPad. Como essas empresas devem agir daqui para frente?

Da mesma forma que agiram com os smartphones. Uma das formas de você competir em participação de mercado é por meio de dispositivos novos com tecnologia suficiente para combater os dispositivos que a Apple vem lançando. O que aconteceu com os smartphones foi que tanto a Samsung quanto os concorrentes apostaram em dispositivos mais baratos, que geram volumes, quanto em dispositivos high end, que tinham features que a Apple não oferece.

5 - O iOS vai continuar líder no mercado de tablets ou o Android vai virar esse jogo assim como aconteceu com os smartphones?

Mundialmente, a IDC não prevê que exista essa virada de jogo. A Apple deve continuar na liderança global até 2015. No Brasil, o Android deve assumir a liderança já em 2012, devido às configurações locais. Nós prevemos a venda de 2,2 milhões de tablets no mercado nacional em 2012. Desse volume, 900 mil tablets devem ser comprados pelo Governo para serem entregues ao segmento educacional. Só esse volume já é suficiente para que o Android assuma a liderança do mercado brasileiro.


6 – Durante a apresentação do novo iPad, a Apple informou que 76% de sua receita em 2011 foi originária dos dispositivos pós-PC, como o iPod, o iPhone e O iPad. Isso deve direcionar o foco da empresa para esses dispositivos em relação aos notebooks, computadores de mesa e outros dispositivos?

Difícil dizer até mesmo porque são unidades de negócios diferentes. Se olharmos os relatórios de cada unidade, veremos que elas continuam crescendo, mas em ritmo menor do que a de dispositivos móveis. A Apple continua a ter um grande negócio nos PCs que ela comercializa. E pode até ser que os donos de iPad e de iPhone venham a comprar computadores Apple influenciados pela experiência que eles têm em seus tablets e smartphones, o que geraria um impacto positivo.

7 – Quantos tablets foram vendidos no Brasil em 2011? Qual a projeção para 2012?

O número mercado nacional contabilizou 800 mil unidades vendidas em 2011. O que vimos foi, não só a Apple vindo em um ritmo forte, mas também outras marcas sendo bem aceitas. Tivemos até o lançamento de dispositivos de mercado cinza, vendidos entre 300 e 350 reais, que foram bem aceitos. Isso não estava em nossa projeção inicial, o que elevou os números. Em 2012, 2,2 milhões de tablets devem ser vendidos o Brasil. E em relação à Apple, ela fechou o ano com 60% do mercado global. Para 2012, ela deve perder cerca de 1% de participação e entregar 87 milhões de unidades.

8 - Em 2012, nós já teremos um iPad made in Brazil?

Acredito que sim, até por conta de já termos a fabricação de iPhones em andamento. A operação está sendo construída para isso. Mas essa não é uma negociação fácil, porque o governo tem algumas exigências que a Foxconn reluta em cumprir e vice-versa. Até que eles não ajustem esses pontos, nós vamos continuar com algumas idas e vindas. Porém, isso deve ser resolvido ao longo do ano.

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