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Internet é importante para militância, mas não ganha eleição

Responsáveis pelas campanhas de Serra e Dilma estão de acordo sobre o tema

Sérgio Caruso, coordenador da campanha digital de Serra; Marcelo Branco, estrategista da campanha de Dilma; e Gil Castilho, diretora da ABCOP (.)

Sérgio Caruso, coordenador da campanha digital de Serra; Marcelo Branco, estrategista da campanha de Dilma; e Gil Castilho, diretora da ABCOP (.)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2010 às 21h20.

São Paulo - Em um encontro que ocorreu na tarde de hoje em São Paulo, representantes do PT e do PSDB apresentaram ideias consonantes sobre as eleições deste ano. É que não se tratava de um debate eleitoral, mas uma conversa sobre a influência da internet e das redes sociais na campanha política. Marcelo Branco, estrategista da campanha digital de Dilma Rousseff (PT), e Sérgio Caruso, coordenador de comunicação digital de José Serra (PSDB), estão de acordo: as novas tecnologias de comunicação são um fator importante na campanha, porém não determinam o resultado de uma eleição.

A discussão, que ocorreu durante o Info@trends, contou com a participação de Gil Castilho, diretora da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), que considera a rede mundial de computadores uma grande ferramenta de mobilização. "A internet não é determinante para a vitória de um ou outro candidato, mas serve como um grande espaço para a militância", disse. Ela afirmou que o uso irresponsável de sites como o Twitter, por exemplo, pode manchar a imagem de um político, mas que isso não é exclusividade da web. Como exemplos de erros na rede de microblogs, ela citou candidatos que discutem publicamente com eleitores ou aqueles que fazem afirmações e depois apagam os tweets por se arrependerem. "Costumo dizer que 'tu te tornas eternamente responsável por aquilo que tuítas'", brincou.

Branco comparou a internet com rádio e tevê para mostrar a importância da nova ferramenta para o debate político. "Na tevê e no rádio, as pessoas só escutam e não podem falar. A internet qualifica a democracia por ter um caráter descentralizado. Não é mais um meio de comunicação de massa, mas um espaço de expressão individual", disse. Na mesma linha, Caruso ressaltou a importância de saber usar as ferramentas que a rede oferece. "Muita gente diz que a internet ganhou as eleições para o Obama. Não foi a internet que ganhou as eleições para o Obama, foi ele que ganhou as eleições para ele mesmo, porque soube usar as ferramentas", explicou.

Os dois mantiveram a cordialidade e o respeito apesar de algumas provocações. Em determinado momento, Caruso citou o blog http://www.gentequemente.org.br, criado pelo PSDB e denunciado pelo Ministério Público Eleitoral por fazer propaganda negativa contra Dilma e o presidente Lula. "O site foi criado em setembro de 2009 assumidamente pelo PSDB para colocar seus posicionamentos em relação a informações falsas que eram divulgadas na época", disse o coordenador da campanha tucana. "Um desses boatos dizia que o PSDB iria privatizar tudo, até margem brasileira das Cataratas do Iguaçu", afirmou. Segundo ele, a Justiça Eleitoral chegou a investigar o blog uma vez, mas não viu qualquer irregularidade. "Agora, o MP resolveu denunciar porque encontrou cinco comentários, feitos por visitantes do site, que considerou exagerados". Ele disse que o episódio serve como aprendizado. "É tudo muito novo, está todo mundo aprendendo ainda".

Provocado por uma pergunta da plateia, Branco se explicou sobre a associação que fez entre uma campanha comemorativo de 45 anos da Rede Globo com uma possível propaganda subliminar para o PSDB. A mensagem da propaganda trazia mensagens como "Todos queremos mais", que remeteria ao slogan da campanha de Serra "O Brasil pode mais". Enquanto Caruso desconversou, dizendo que quem se ofendeu com a acusação foram simpatizantes tucanos - não o PSDB propriamente -, Branco disse que, no fim das contas, "parece que tinha razão", já que a Globo retirou o filme do ar.

Mas para ambos, mais do que um espaço para ataques, a internet deve servir como um campo de debates propositivos. Ambas as campanhas, segundo seus coordenadores, abrem espaço para a participação de internautas na discussão de propostas.

O jornalista Felipe Zmoginski, editor da revista Info que intermediou o encontro, explicou, ao fim da sessão, que a coordenação da campanha da pré-candidata Marina Silva (PV) também foi convidada a participar do debate, porém não pôde comparecer.

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