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Inteligência artificial pode completar sinfonia inacabada de Beethoven

Quando morreu, em 1827, Ludwig van Beethoven havia escrito apenas algumas notas daquela que seria sua décima sinfonia

Orquestra: sinfonia de Bethoven pode ser concluída com tecnologia (Hybrid Images/Getty Images)

Orquestra: sinfonia de Bethoven pode ser concluída com tecnologia (Hybrid Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 21h43.

Quando morreu, em 1827, Ludwig van Beethoven havia escrito apenas algumas notas daquela que seria sua décima sinfonia. Agora, uma equipe de musicólogos e informáticos querem completá-la, com a ajuda da Inteligência Artificial.

O resultado final será apresentado em 28 de abril de 2020 em Bonn (Alemanha) e deve ser um dos elementos mais destacados das festividades, que começam nesta sexta-feira, do 250º aniversário do nascimento do compositor.

Beethoven havia começado a trabalhar nesta sinfonia paralelamente à famosa Nona e ao Hino da Alegria, hoje hino da União Europeia.

Mas o compositor abandonou a Décima e quando morreu, aos 57 anos, só havia escrito algumas poucas notas, esquemas e alguns esboços.

Dois séculos e meio depois, um programa de inteligência artificial analisou primeiro todas as obras do compositor e, depois, graças a seus algoritmos de tratamento de voz, começou a propor opções para ampliar a partitura.

O projeto foi iniciado pela Deutsche Telekom, com sede em Bonn, a cidade natal do compositor.

Mas, além de uma operação publicitária para o "ano Beethoven", o grupo também quer desenvolver suas tecnologias, em particular o reconhecimento de voz.

"Assim como a linguagem, a música está composta de pequenas unidades, letras, ou notas, que, quando se combinam, fazem sentido", explica uma porta-voz do grupo à AFP.

Os primeiros ensaios, há alguns meses, foram considerados mecânicos e repetitivos demais, mas as últimas tentativas foram mais convincentes.

"O desenvolvimento [em comparação com os testes anteriores] é impressionante, inclusive se o computador ainda tem muito a aprender", disse à AFP Christine Siegert, diretora do departamento de arquivos e pesquisa da Casa Beethoven em Bonn.

Segundo esta especialista em Beethoven, a obra do compositor não ficará "distorcida", porque as criações prévias não fazem parte do projeto "e os fragmentos originais da Décima sinfonia são somente pistas de trabalho limitadas".

Siegert se diz "convencida" de que o compositor não teria se oposto a esse tipo de iniciativa, já que ele mesmo foi um "visionário" em seu tempo.

Mas o compositor e musicólogo britânico Barry Cooper, que tentou completar o primeiro movimento da Décima, tem dúvidas.

"Escutei um trecho. Não parecia nada com uma reconstrução convincente do que Beethoven faria, inclusive tendo em conta o som computadorizado e a ausência de contraste entre os sons fortes e suaves", explicou Cooper à AFP.

Este professor da Universidade de Manchester, autor de vários livros sobre o compositor, admite, porém, que "há margem para melhorar".

"Em qualquer interpretação da música de Beethoven, existe o risco de distorcer suas intenções" e, neste caso, o "risco" de tergiversar o trabalho é ainda maior, afirma.

Uma postura compartilhada pelo diretor da Orquestra Beethoven de Bonn, Dirk Kaftan.

"Nós, os músicos, estamos divididos sobre esta iniciativa", apontou Kaftan, nesta sexta, em Bonn, na inauguração da casa dedicada ao compositor, apontando, no entanto, que a Inteligência Artificial permite descobrir "um novo território".

No passado, houve iniciativas similares com obras de outros grandes músicos, como Gustav Mahler, Johan Bach e Franz Schubert, com resultados variados.

No início de 2019, por exemplo, o gigante chinês Huawei tentou completar a Sinfonia inacabada de Schubert.

Mas quando as partituras compostas pelo chamado aprendizado de máquina ("machine learning") foram interpretadas pela London Session Orchestra, elas soaram - segundo a imprensa europeia - como a trilha sonora de um filme de Hollywood, e não como uma obra do compositor austríaco.

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