Tecnologia

Inovação precisa virar nota fiscal, e não ficar na academia, diz Siemens

No Café EXAME Tecnologia, diretor da empresa falou sobre a necessidade de melhorias na integração de universidades e mercado

 (Flávio Moret/Site Exame)

(Flávio Moret/Site Exame)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 25 de julho de 2018 às 13h39.

Última atualização em 25 de julho de 2018 às 15h29.

São Paulo – Empresas investem em tecnologia para ter aumento de produtividade e redução de custos, que resultaram em desenvolvimento e até mesmo em mudanças de modelos de negócios. Ainda assim, a integração entre o mercado e a academia ainda precisa melhorar. É isso que diz José Borges Frias Júnior, diretor de marketing estratégico da Siemens, durante o evento Café EXAME Tecnologia, realizado em São Paulo, nesta quarta-feira (25), para debater o impacto da inovação disruptiva nas cadeias globais e no mercado de trabalho.

"O Brasil ainda tem riscos muito grandes para a inovação. As parcerias com a academia não estão de todo azeitadas. Ainda há muito trabalho a ser feito para que haja realmente essa integração. Temos que olhar mais o lado da demanda da inovação do que o da oferta", afirmou Frias Júnior. "Sempre falamos o seguinte na Siemens: Inovação tem que virar nota fiscal, e não ficar na academia."

Com sensores de internet das coisas, uma tendência de dar Wi-Fi a componentes antes desconectados, a Siemens ajudou uma fábrica alemã de cabines para a automobilística e mudar seu modelo de negócio por meio da tecnologia. Com os dados obtidos a partir dos sensores, a empresa pode minimizar drasticamente os riscos e vendem a disponibilidade do equipamento em vez das peças em si, vendem sua expertise.

Diante da implementação da indústria 4.0, o Brasil, além de deficiências na educação profissionalizante, ainda precisa ver a inovação como algo crucial para o crescimento do país. Segundo Gabriel Petrus, diretor-executivo da International Chamber of Commerce, o Brasil tem que se integrar mais com cadeias globais para crescer nesse novo cenário que se apresenta. "A política de inovação tem que estar no Ministério da Fazenda, sem tirar a importância do Ministério de Ciência, Tecnologia, Telecomunicações e Inovações, mas isso precisa estar na agenda do governo. O acesso a essas tecnologias é algo global, não pertence a nenhum país, é de todos", declarou Petrus. "Temos que olhar para dentro e entender nossas vantagens que podem nos transformar em potência. Os setores do agronegócio e da biotecnologia aliados com a resiliência dos empreendedores brasileiros podem compor o motor do país nessa mudança. O Brasil é continental, por isso, ele será um dos países onde a indústria 4.0 terá maior impacto".

A oportunidade para o Brasil existe, apesar de o país ainda precisar terminar a implementação da automação, da indústria 3.0, ao mesmo tempo em que adota os padrões 4.0. Mesmo grandes economias como China, Estados Unidos e Alemanha ainda estão no começo da implementação da indústria 4.0, com menos de 5% das empresas efetivamente executando projetos do gênero, de acordo com levantamento da consultoria Boston Consulting Group.

Para Julien Imbert, sócio do BCG, faltam centros de inovação no Brasil que ajudem empresas a trilhar um caminho que leve ao desenvolvimento de novos negócios tecnológicos. "Os métodos de financiamento são variados e isso pode ser desafiador para as pequenas e médias empresas entenderem. Muitos países têm centros de excelência que juntam startups, consultorias, universidades e governo", declarou Imbert, que ressaltou que a inovação nem sempre requer uma reconstrução completa ou compra de equipamentos, mas um novo olhar para tecnologia que a empresa já possui.

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