Mulher luta contra câncer: campo da imunoterapia tem mercado potencial de US$ 35 bi, dizem especialista (Jean-Philippe Ksiazek/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2014 às 21h31.
A imunoterapia obteve grandes avanços na luta contra cânceres como o melanoma, que se acreditava incurável, embora cientistas ainda não compreendam porque o tratamento funciona bem em alguns casos e não em outros.
A técnica, saudada como a inovação de 2013 pela revista Science, consiste em treinar o sistema imunológico para atacar os tumores.
Em alguns casos, a abordagem desarma as defesas dos tumores e em outros, seleciona as células imunes mais fortes do paciente, as desenvolve em laboratório e as reinjeta para reforçar o ataque do corpo ao câncer.
"A beleza desta abordagem é que é mais seletiva e está produzindo remissões duradouras e estáveis", disse Steven O'Day, professor associado de Medicina na escola médica Keck, da Universidade da Carolina do Sul.
Segundo pesquisa publicada no final do ano passado, 40% dos pacientes com melanoma avançado que foram tratados com imunoterapia não apresentavam indícios de câncer sete anos depois.
Os resultados dos três testes clínicos divulgados nesta segunda-feira na Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em Chicago, podem aumentar esta cifra.
Um deles, um estudo de fase 1 feito com pacientes com melanoma inoperável, levou a uma sobrevida média sem precedentes de três anos e meio para um câncer que costuma matar em cerca de um ano.
"Isto é realmente revolucionário e agora, os tratamentos do melanoma estão ficando tão bons que estamos vendo pela primeira vez um avanço significativo contra tumores sólidos muito difíceis de tratar", acrescentou O'Day.
Tumores sólidos são encontrados na maior parte dos cânceres, inclusive no de útero, última fronteira no tratamento com imunoterapia.
Cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde anunciaram nesta segunda-feira que uma nova técnica - que consiste em retirar células imunológicas de um tumor e cultivar bilhões delas em laboratório para reinseri-las no corpo do paciente - teve sucesso em duas entre nove pacientes.
As mulheres, ambas na casa dos 30 anos, foram desenganadas pelos médicos, que lhes deram menos de um ano de vida antes de participarem dos testes, e o câncer tinha se espalhado por todo o seu corpo.
Agora, elas não apresentam sinais de câncer: uma 22 meses e outra mais de um ano após o tratamento.
Mas o motivo de a técnica não funcionar com as outras pacientes permanece um mistério, que os cientistas ainda trabalham duro para desvendar.
Enquanto isso, novos estudos estão sendo lançados sobre o uso da imunoterapia para tratar cânceres oral e anal que, como o câncer de útero, são provocados pelo vírus do papiloma humano (HPV).
No que diz respeito ao melanoma, assim como aos cânceres de rim e pulmão, um novo tipo de medicamento que bloqueia uma proteína chamada PD-1 incentivou o campo de pesquisas.
"A PD-1 é talvez o avanço mais excitante no tratamento do câncer em uma década", disse Mark Schoenebaum, analista do Grupo ISI.
As gigantes farmacêuticas Bristol-Myers Squibb e Merck estão na corrida para produzir remédios que vão ajudar o sistema imunológico a reconhecer e atacar o câncer.
Especialistas afirmam que o campo da imunoterapia tem um mercado potencial de US$ 35 bilhões.