Tecnologia

Hollywood cochila enquanto mundo vê tudo na web, diz Dotcom

O fundador do Megaupload afirma que os dinossauros de Hollywood vão ser deixados para trás por empresas como o Netflix, já que não conseguem adotar a internet

Kim Dotcom: se Hollywood tivesse algumas pessoas inteligentes, "é provável que eles tivessem a maior empresa de internet do planeta” (Hannah Peters/Getty Images)

Kim Dotcom: se Hollywood tivesse algumas pessoas inteligentes, "é provável que eles tivessem a maior empresa de internet do planeta” (Hannah Peters/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2015 às 18h21.

Os estúdios de Hollywood vão ser deixados para trás por empresas como Netflix porque não conseguem adotar a internet, de acordo com o homem acusado da maior violação de direitos autorais cinematográficos na história dos EUA.

“Se Hollywood tivesse algumas pessoas inteligentes trabalhando para eles, é provável que eles tivessem a maior empresa de internet do planeta”, disse Kim Dotcom, que está enfrentando um pedido de extradição da Nova Zelândia para os EUA, em uma entrevista à Bloomberg Television em sua mansão em Auckland.

“Ao invés disso, são empresas como Apple e Netflix que estão aproveitando a deixa e esta oportunidade de monetizar o poder da internet. Eles perderam completamente essa chance”.

O governo dos EUA está acusando Dotcom de ter realizado pirataria, lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica por meio do seu site de compartilhamento de arquivos Megaupload.com, que foi fechado depois de uma batida policial na casa dele em 2012.

O empreendedor alemão, que poderá enfrentar até 88 anos de prisão nos EUA se for extraditado e condenado, disse que fez todo o possível para evitar que piratas usassem seu site e que ele não deveria ser responsabilizado pelas ações deles.

Os estúdios, que em outro processo civil alegam que Dotcom facilitou, incentivou e lucrou com a violação maciça de direitos autorais, estão atacando-o por ignorância e por medo da nova tecnologia, disse ele.

“É como o fabricante de velas que não gostou quando a lâmpada apareceu”.

Hollywood estimula a pirataria por lançar um filme em um país e estreá-lo aos poucos nos outros, ao longo de vários meses, disse Dotcom. “Como as pessoas não têm esse acesso, elas buscam os filmes em outros lugares. Então, esse é um problema gerado pelos criadores de conteúdo, eu não sou responsável por isso”.

Site de filmes

Se os filmes estivessem disponíveis mundialmente a um preço justo em qualquer aparelho, “a pirataria diminuiria a ponto de se tornar insignificante”, disse ele.

Os estúdios também seriam mais lucrativos se combinassem seus catálogos e oferecessem todos os conteúdos pela internet.

“O catálogo inteiro, tudinho, a uma tarifa mensal, para que todos acessassem em qualquer lugar do mundo e que funcionasse em todos os aparelhos”, disse Dotcom. “Eles seriam o maior sucesso da história na internet. Todo mundo adoraria um serviço como esse, todo mundo usaria.

O problema, disse ele, é o modelo de negócios antiquado que os estúdios usam, em que eles financiam a produção de um filme com a pré-venda dos direitos de distribuição a distintos detentores da licença em distintos países. Empresas como Netflix estão criando conteúdos sem essa questão de licenciamento e estão disponibilizando-os mundialmente”, disse ele.

Elas “vão acabar tomando o lugar desses dinossauros de Hollywood”, disse Dotcom. “Hollywood perdeu essa oportunidade e ficou presa no passado”.

Fuzis de assalto

Depois da visita surpresa à mansão em janeiro de 2012, que envolveu dois helicópteros e policiais armados com fuzis de assalto e sprays de gás, Dotcom foi indiciado em Virginia pelo que os procuradores consideram o maior caso de violação de direitos autorais na história dos EUA.

Eles alegam que Megaupload, que outrora foi responsável por 4 por cento do tráfego da internet, gerou mais de US$ 175 milhões em lucros ilícitos em troca de filmes, músicas e arquivos piratas.

Os estúdios 20th Century Fox, Disney, Paramount, Universal, Columbia Pictures e Warner Brothers estão buscando mais de US$ 100 milhões no processo civil.

A audiência de extradição de Dotcom foi adiada diversas vezes em meio às batalhas jurídicas em andamento e poderia levar dez anos ou mais para se resolver, disse ele.

Nos três anos e meio desde que foi preso, Dotcom lançou um novo site chamado Mega e fundou um partido político que defende a liberdade e a privacidade na internet.

Ele fez amizade com Edward Snowden e Julian Assange para revelar as supostas atividades de espionagem da Nova Zelândia e tentar constranger o primeiro-ministro John Key. Seu Partido Internet não conseguiu conquistar nenhuma cadeira no parlamento na eleição do ano passado.

O próximo projeto dele é criar uma internet alternativa chamada “MegaNet”, disse Dotcom.

“É uma internet totalmente administrada pelas pessoas para as pessoas”, disse ele. “É algo lindo”.

Acompanhe tudo sobre:ArteCinemaEmpresasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaEntretenimentoFilmesInternetKim DotcomMegauploadNetflix

Mais de Tecnologia

Intel descarta venda de participação na Mobileye e ações da empresa disparam

YouTube expande anúncios em vídeos pausados para todos os anunciantes

Kremlin volta a usar YouTube, enquanto restringe o acesso de russos à plataforma

Netflix atinge 94 bilhões de horas assistidas no primeiro semestre de 2024, afirma CEO